Qual foi seu maior (ou principal) ato de coragem até hoje?
#93 | “Coragem é contar a história de quem você é com o coração inteiro.” — Brené Brown

Oi!
Qual foi seu maior (ou principal) ato de coragem até hoje?
Talvez o meu maior ato de coragem tenha sido mudar de São Paulo para Porto Alegre depois de conhecer o Márcio pela internet — e nos encontrarmos apenas quatro vezes. Nós nos “conhecemos” por meio dos nossos blogs lááá no longínquo início dos anos 2000. Entre a primeira vez que nos vimos pessoalmente (01/02/2007), em Porto Alegre, e o dia em que me mudei com mala e cuia para a casa dos meus sogros (27/05/2007), foram quatro encontros.
Na terceira vez, ele pediu minha mão em casamento aos meus pais. Na quarta, eu desembarquei em Porto Alegre com três malas repletas de roupas, sapatos e muitos sonhos.
E assim foi até setembro de 2009, quando meu segundo maior ato de coragem nasceu — literalmente. Dar à luz ao Pietro, há 16 anos, foi não apenas um ato de coragem, mas também de resistência. Porque ser mãe nos dias atuais é uma tarefa árdua. Não pela maternidade em si (pelo menos para mim), mas pelo mundo que está posto para educar um adolescente.
Meus atos de coragem estão ligados às decisões mais pessoais: casar (mudando de cidade e estado) e ser mãe. Mas foi a partir dessas escolhas de vida que minha carreira também começou a se transformar.
Antes de conhecer o Márcio, eu tinha um plano de carreira linear. Sabia onde queria estar nos anos seguintes à graduação. O que eu não sabia (ou não tinha levado em consideração) era que eu mudaria, minhas prioridades mudariam — e o mundo também mudaria, muito mais rápido do que eu imaginava.
Quando olho para trás, percebo que meus maiores atos de coragem não foram planejados — eles nasceram de um impulso de confiar. Em mim, no outro, na vida. E foi justamente essa confiança — quase ingênua — que me levou a mudar de cidade, apostar num amor e, anos depois, encarar a maternidade.
O que eu não imaginava era que esses dois gestos tão pessoais alterariam completamente o curso da minha carreira. Porque não existe separação real entre quem a gente é e o que a gente faz. Minhas escolhas de vida bagunçaram meu plano de carreira certinho e previsível — e ainda bem. Foi a partir dessas mudanças que nasceu uma nova trajetória. E, com ela, outra coragem: a de recomeçar profissionalmente.
A palavra "coragem" tem origem no termo latino "coraticum”, que por sua vez deriva de "cor", que significa "coração". Ou seja, ter coragem é ter “coração para agir.”
Mas coragem não é ausência de medo. É agir apesar do medo. É sentir frio na barriga, ter vontade de desistir e, ainda assim, dar um passo.
Coragem é a capacidade de superar ou ignorar o medo para realizar uma ação ou atingir um objetivo. Sentir medo é natural — é o cérebro dizendo: “tá, vai com medo mesmo.” Ter medo nos protege, e há várias explicações científicas pra isso. Mas a coragem é o que nos impulsiona a agir apesar dele. Quando a gente age com coragem, ativa regiões cerebrais que modulam o medo e ajudam a seguir em frente.
Coragem também é profissional
Quando a gente fala em coragem na carreira, muita gente imagina grandes rupturas: largar tudo, abrir um negócio, mudar de área. Mas, na prática, o que mais vejo nas conversas com mulheres em transição são gestos bem menos espetaculares — e infinitamente mais profundos.
É coragem dizer que o que você faz já não te representa mais.
É coragem admitir que o emprego estável está te adoecendo.
É coragem voltar a estudar, atualizar o currículo, se permitir sonhar de novo.
É coragem tomar consciência de que você mudou — e que é hora da carreira mudar junto.
E aqui entra um dos aprendizados da Brené Brown, pesquisadora que admiro há anos. Três de seus livros levam a palavra coragem no título: A coragem de ser imperfeito; A coragem de ser você mesmo; A coragem para liderar.
Seu TED O Poder da Vulnerabilidade tem mais de 68 milhões de visualizações. E não por acaso: vulnerabilidade e coragem caminham juntas.
“Vulnerabilidade não é fraqueza, mas a medida mais precisa de coragem. E é ao abraçá-la que se cria espaço para a inovação, a criatividade e a mudança.” — Brené Brown
E mudar — inclusive de rota profissional — é um processo que exige coragem em dose dupla: a de deixar para trás o que já não faz sentido e a de se expor ao novo, ao julgamento, ao fracasso e à dúvida.
Como ela mesma afirma:
“Você pode escolher coragem ou conforto. Mas não pode escolher os dois.”
Essa frase é quase um chacoalhão gentil na nossa comodidade. Porque é exatamente isso que tantas de nós enfrentamos: o desejo de mudar misturado ao medo de sair da zona de conforto — mesmo quando ela já está apertada demais.
Coragem, aqui, não é ausência de medo. É sentar com o medo, ouvir o que ele tem a dizer — e ir assim mesmo. É tomar decisões sem garantias, mas com a certeza de que ficar parada já não é mais uma opção.
“Coragem é contar a história de quem você é com o coração inteiro.” — Brené Brown
É isso que estamos tentando fazer quando encaramos uma transição: contar uma nova versão da nossa história, com mais verdade, mais inteireza, mais sentido.
Pequenos atos de coragem — para colocar na rotina
Dizer “não” a uma proposta que não faz mais sentido.
Admitir que está infeliz no trabalho.
Agendar uma conversa difícil com o chefe.
Voltar a estudar algo aos 40+ anos.
Contar pra família que quer mudar de área.
Enviar um currículo depois de anos parada.
Pedir ajuda.
Escolher o próprio ritmo — mesmo quando o mundo grita: “corre!”.
Para sua coragem de hoje
Se você está nesse momento de travessia, essa newsletter é pra te lembrar que você não está sozinha.
Que coragem não é coisa de gente extraordinária. É coisa de gente comum, como eu e você, que escolhe todos os dias dar pequenos passos em direção ao que deseja viver.
Mesmo com medo. Mesmo sem saber direito o caminho. Com o coração inteiro. 🧡
E por aí? Qual foi o seu ato mais corajoso nos últimos tempos?
Me escreve — quero saber da sua história também.
ps: se você quiser indicar esta newsletter para alguém que esteja precisando de um empurrãozinho corajoso, é só encaminhar o link 💌
Histórias que Inspiram
Uma vez por mês, compartilho histórias de mulheres que, com coragem, transformaram suas trajetórias profissionais.
Se você está precisando de um empurrãozinho ou de inspiração, te convido a ler uma (ou várias!) dessas narrativas.
Elas podem te ajudar a fortalecer o seu músculo da coragem — e agir, mesmo com medo.
Posts relacionados:
Enquanto escrevia este texto, deixei essa playlist tocando baixinho ao fundo. As músicas criaram uma espécie de refúgio sonoro — desses que nos ajudam a pausar, respirar e seguir. Se estiver lendo em um momento mais introspectivo, talvez ela te acompanhe bem também. Às vezes, é no silêncio entre uma nota e outra que a coragem começa a sussurrar.
Desfrute! 😉
Considere migrar para a versão premium da news Carreiras Múltiplas. Você vai ter acesso a edições extras, a série Estratégias de Carreira, além dos textos com reflexões sobre carreira, autodesenvolvimento, rotinas sustentáveis e como criar um ambiente de trabalho equilibrado.