84 - A autoestima de centavos
Ou: "por que achamos que ainda falta algo para sermos boas o suficiente?"
Oi!
Esta semana, compartilhei uma conquista desta newsletter nas redes sociais: a notícia de que ela apareceu entre as 20 mais lidas na categoria Business do Substack Brasil. No mesmo ranking, estavam também newsletters de outras autoras incríveis — algumas que, inclusive, me inspiram, como a
, a e a , entre outras.Uma delas, a Ly, me chamou no inbox surpresa:
"Mulher, eu juro por Deus que abri esse link e não vi 😂
Mas agora entendi: EU FUI OLHAR PRA BAIXO NO RANKING.
NEM OLHEI NO COMEÇO. A autoestima de centavos."
Essa frase ficou ecoando em mim. Porque, veja só: a newsletter dela está entre as top 3 do país na categoria Business.
Top. Três.
Mas ela foi direto pro fim da página, acreditando que não tinha como estar ali.
Como se não fosse suficiente.
A conversa seguiu carinhosa, com muitos "obrigadas", risos nervosos, emojis e um tanto de espanto mútuo.
Ela, surpresa por estar na lista.
Eu, surpresa por ela vir falar comigo.
As duas, tentando digerir um reconhecimento que parecia sempre mais merecido para o outro do que para nós mesmas.
somos boas, mas ainda não acreditamos
Fiquei pensando: se uma autora com tantos anos de carreira, mais de 8 mil inscritos e mais de 100 leitores pagantes duvida do próprio trabalho... o que sobra pra gente, hein?
Pra mim, pra você, pra tantas outras mulheres incríveis que vivem se perguntando se já estão prontas.
Quantas vezes você já pensou que não era o suficiente? Que precisava de mais um curso, mais um livro, mais um tanto de experiência antes de se permitir dar o próximo passo?
Quantas vezes você deixou de se candidatar a uma vaga porque “não preenchia todos os requisitos”?
A gente se cobra um checklist que ninguém pediu — e se sabota sem perceber.
o dado que escancara a diferença
Tem uma estatística famosa que diz que homens se candidatam a vagas quando têm só 60% dos requisitos, enquanto mulheres só se inscrevem quando atendem a 100%?
Ela foi atualizada recentemente com uma pesquisa do Behavioural Insights Team:
homens se candidatam quando atendem a cerca de 52% dos requisitos, e mulheres, quando chegam a 56%.
A diferença pode parecer pequena, mas é sintomática.
É o reflexo de uma educação que ensinou muitos meninos a arriscar — e muitas meninas a pedir licença.
De um mercado que ainda mede performance por autoconfiança, e não necessariamente por entrega.
como isso afeta nossas carreiras?
A verdade é que a gente internalizou que precisa ser perfeita para se sentir pronta.
E isso nos afasta de oportunidades, de crescimento, de caminhos que já poderíamos estar trilhando.
Não porque não temos competência, mas porque ainda nos falta permissão interna.
O nome disso pode ser síndrome da impostora, pode ser autoestima de centavos, pode ser só o peso de carregar a responsabilidade de ser sempre excelente.
(escrevi um texto sobre a necessidade de nos enxergarmos com os olhos dos outros)
Mas o resultado é o mesmo: o medo de não estar pronta paralisa.
a boa notícia? você já está mais pronta do que imagina.
É possível caminhar com esse medo, com essa vozinha que sussurra “não é suficiente”, e ainda assim seguir.
Dar o próximo passo mesmo com a dúvida.
Se lembrar do que você já fez — e não só do que ainda falta.
Se você está esperando um sinal para se valorizar mais, aqui está.
Se você estava buscando uma permissão, te dou uma agora:
Você não precisa ter todos os requisitos. Você só precisa confiar em quem você já é.
Sua trajetória já vale ser celebrada. Você também pode estar no topo do ranking — só precisa parar de procurar seu nome no fim da página.
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Uma playlist pra quando a autoestima falha, mas você precisa lembrar que é incrível. Pra escrever, criar, ou só existir com mais leveza.
Dê o play e deixa a música lembrar: você merece estar onde está. 😉
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obrigada pela partilha querida!
Muito obrigada pela super dose de motivação.