Trabalhar fora
#04 | O que a experiência migratória pode ensinar sobre resiliência, adaptação e crescimento profissional — mesmo para quem não migrou.
A coluna Due Tramonti é escrita por Rodrigo Cotrim Carvalho e é enviada todo 3º domingo do mês.

Oi!
No nosso último encontro, falamos sobre o que significa migrar, tanto pessoalmente quanto profissionalmente. Hoje, gostaria de expandir essa conversa e compartilhar alguns aprendizados valiosos que a experiência migratória traz, especialmente no contexto de carreira e trabalho. E o mais interessante é que essas lições não são exclusivas para quem mudou de país, estado ou cidade; elas podem ser aplicadas por qualquer pessoa que busca crescimento profissional e novos desafios.
No Brasil, usamos a expressão "trabalhar fora" para nos referirmos ao trabalho que é feito fora do ambiente doméstico, especialmente em um contexto remunerado. De certa forma, isso ressoa profundamente com a experiência migratória, que é, em si, um movimento "para fora": fora de casa, fora do que é familiar, fora das zonas de conforto.
Migrar e "trabalhar fora" estão interligados quando pensamos na jornada profissional de quem decide buscar novas oportunidades em outros territórios.
Iniciamos uma série de reflexões e aprendizados que, embora nascidos da experiência de quem migrou, podem inspirar mudanças e transições profissionais importantes para quem sente o desejo, interesse ou até mesmo a necessidade de realizar uma transformação na carreira. A migração, seja ela geográfica ou interna, traz lições poderosas que podem ajudar qualquer um a navegar pelas incertezas e oportunidades que surgem ao longo da jornada profissional.
#01 - Resiliência como uma competência profissional
A experiência de "trabalhar fora", seja migrando para um novo país ou fazendo uma transição de carreira, exige uma boa dose de resiliência. Enfrentar o novo e o desconhecido requer flexibilidade e força para lidar com desafios inesperados, especialmente em tempos de volatilidade, como os que vivemos. No contexto profissional, essa habilidade é essencial para enfrentar mudanças rápidas, superar obstáculos e lidar com eventuais fracassos. A resiliência se torna ainda mais valiosa em tempos instáveis, e ela pode ser tanto aplicada quanto desenvolvida em qualquer momento de transição.
#02 - Comunicação intercultural e adaptação
Comunicação vai muito além do idioma ou do sotaque. Ela envolve a habilidade de entender e interagir com pessoas cujas referências, trajetórias e experiências de vida são completamente diferentes das nossas. Profissionais que desenvolvem essa habilidade, mesmo sem migrar, conseguem construir pontes em ambientes diversos e trabalhar de forma eficiente em equipes multiculturais.
Seja na migração ou no cotidiano, aprender a ouvir e adaptar sua forma de se comunicar às necessidades e realidades dos outros é uma habilidade que traz resultados poderosos para qualquer carreira.
#03 - Sobre caminhos alternativos
Em um novo ambiente, as soluções conhecidas nem sempre estão à disposição. Isso obriga os profissionais a buscarem maneiras inovadoras de resolver problemas. Essa mentalidade é crucial para qualquer um que busca se destacar em um mercado cada vez mais exigente. O exercício constante de pensar fora da caixa — algo que a migração exige — pode ser a chave para lidar com situações em que o tradicional não funciona mais.
Profissionais inovadores são os que conseguem ver além do óbvio, e essa capacidade pode ser desenvolvida a partir de qualquer contexto de mudança.
#04 - Ampliação da rede de contatos
Outro aprendizado valioso é a importância de construir e manter redes de contato diversificadas. A migração força a busca por novas conexões, e esse esforço para expandir a rede é algo que qualquer pessoa pode e deve aplicar em sua vida profissional. Ao diversificar os contatos e se abrir para diferentes perspectivas, ampliamos nossas oportunidades de aprendizado e crescimento. Fortalecer o networking, independentemente de onde estamos, é uma prática essencial para evoluir na carreira.
#05 - Reorganização da rede de apoio
Migrar também nos ensina que, além de ampliar nossa rede de contatos, é fundamental reorganizar as redes de apoio. Seja nas relações pessoais ou profissionais, a capacidade de repactuar laços e fortalecer conexões à distância é uma habilidade que faz toda a diferença. Essa lição pode ser aplicada em momentos de transição de carreira, mudança de função ou ao enfrentar novos desafios profissionais. Saber construir e manter relações de apoio sólidas é essencial em qualquer contexto.
Os desafios econômicos, políticos, sociais e de saúde pública recentes mostram que as redes de apoio são fluidas e precisam de constante manutenção, seja à distância ou no contato próximo. Relacionar-se de forma afetiva, e não apenas oportunista, exige um investimento especial de energia e gestão de tempo — um ativo fundamental na equação geral, que não pode ser ignorado.
Que tipo de migração você está vivendo: escolhida ou compulsória?
Sim, estamos todos vivendo processos migratórios, mesmo que não tenhamos escolhido. O mundo gira, a fila anda, e o novo mundo não se contenta com o velho que excluía e oprimia grande parte da população. Movimentos rápidos, disputas de narrativas, valores sendo revisitados, espaços sendo redimensionados: sim, estamos todos em migração, querendo ou não. Como diz o meme: "aceita que dói menos". E bora trabalhar isso, porque há muito de positivo nas mudanças — afinal, o suor que o corpo produz é para refrescar do calor, não é mesmo?
Esses aprendizados, trazidos pela experiência migratória, são ferramentas essenciais para enfrentar os desafios e mudanças que a vida profissional constantemente impõe. Não importa se você migrou ou não: resiliência, inovação, comunicação intercultural e uma rede de contatos forte são pilares para qualquer carreira que busca crescimento e adaptação em um mundo em constante transformação.
E você, o que tem te inspirado a mudar ou reorganizar sua trajetória profissional?
Se quiser ampliar o nosso diálogo, te convido a conhecer o podcast Due Tramonti, onde discutimos as nuances e complexidades dos processos migratórios e seus impactos.
Te encontro em breve, assim espero. Inté!
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