Coerência: aliada ou prisioneira?
#02 | Em sua coluna, Rodrigo Cotrim de Carvalho explora a coerência como termômetro da ambivalência e seu impacto em nossas vidas e carreiras
A coluna Due Tramonti é escrita por Rodrigo Cotrim Carvalho e é enviada todo 3º domingo do mês.

Oi!
Na nossa última conversa, falamos sobre a ambivalência e como ela reflete as complexidades das nossas escolhas diárias. Hoje, quero aprofundar esse tema, explorando a coerência como um termômetro da ambivalência. A coerência pode ser uma aliada poderosa, nos ajudando a permanecer fiéis à nossa essência e a construir laços e redes de apoio. No entanto, como qualquer qualidade, o excesso de coerência pode se tornar uma prisão, limitando nosso crescimento e nossas possibilidades.
A coerência é frequentemente associada à autenticidade e integridade, significando agir de acordo com nossos valores e princípios, o que nos torna previsíveis e confiáveis para os outros. Ela nos ajuda a construir uma identidade sólida e consistente, essencial para relações pessoais e profissionais saudáveis. Além disso, manter a coerência em nossas ações e decisões pode nos ajudar a manter o foco e a resiliência diante das adversidades. Ao sermos coerentes com nossos objetivos e metas, podemos navegar por desafios e obstáculos com maior clareza e determinação.
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Um dos maiores perigos da coerência é a rigidez. Quando nos apegamos demais à coerência, corremos o risco de nos tornar dogmáticos, incapazes de aceitar novas ideias ou adaptar-nos a novas circunstâncias, o que pode limitar nosso crescimento pessoal e profissional, impedindo-nos de explorar novas oportunidades. Além disso, a coerência pode nos levar a manter crenças limitantes, como a ideia de que "eu sempre fui assim e sempre serei", o que pode nos impedir de evoluir e tentar novas abordagens ou soluções.
A coerência deve ser um guia, não uma prisão.
Carreira e vida pessoal:
Na carreira, ser coerente com nossos valores e objetivos de longo prazo é crucial. No entanto, ser flexível e aberto a novas oportunidades (ambivalência) pode nos permitir explorar novos caminhos e alcançar um maior sucesso e satisfação.
Relacionamentos:
Nos relacionamentos, a coerência constrói confiança e segurança. No entanto, aceitar a ambivalência nos permite entender e aceitar as complexidades dos outros, promovendo uma comunicação mais profunda e autêntica.
"Não vemos as coisas como elas são, vemos as coisas como nós somos." — Anaïs Nin
Destaco três pontos:
#01 - coerência e essência
A coerência é frequentemente vista como uma virtude, pois nos conecta à nossa essência e nos permite agir de acordo com nossos valores e crenças. Ela facilita a construção de redes de apoio e comunicação eficiente, pois os outros sabem o que esperar de nós. Quando somos coerentes, nossos comportamentos e decisões refletem uma harmonia interna, criando uma base sólida para relacionamentos autênticos e duradouros.
#02 - limitações da coerência
No entanto, a coerência também pode se tornar uma limitação quando se transforma em rigidez. Um excesso de coerência pode nos aprisionar em ideologias fixas e crenças limitantes, impedindo-nos de explorar novas perspectivas e de crescer. Às vezes, nos agarramos à coerência como uma justificativa social aceitável para esconder medos ou necessidades ocultas, como o medo do desconhecido ou a necessidade de aprovação.
#03 - encontrando o equilíbrio
Para utilizar a coerência como um termômetro saudável da ambivalência, precisamos encontrar um equilíbrio entre a fidelidade a nós mesmos e a flexibilidade para mudar. Isso significa estar abertos a reavaliar nossas crenças e comportamentos à luz de novas informações e experiências. A verdadeira coerência não está em nunca mudar, mas em evoluir de maneira que respeite nossa essência enquanto abraçamos a complexidade da vida.
"A completude não é alcançada cortando uma parte do ser, mas pela integração dos contrários." — Carl Jung
A relação entre coerência e ambivalência é um equilíbrio dinâmico. Enquanto a coerência nos dá uma base estável, a ambivalência nos permite explorar diferentes possibilidades e perspectivas. Reconhecer e aceitar a ambivalência pode enriquecer nossa compreensão e nos permitir uma maior flexibilidade e adaptabilidade. Em vez de ver a coerência e a ambivalência como opostos, podemos integrá-las, sendo coerentes com nossos valores fundamentais enquanto permitimos que diferentes opiniões e sentimentos coexistam.
Esta abordagem integrativa pode levar a decisões mais equilibradas e bem-informadas. Aceitar a ambivalência dentro de um quadro coerente nos ajuda a crescer e evoluir, mantendo a coerência em nossas crenças básicas, mas estando abertos a mudar de opinião ou adaptar nossas ações com base em novas informações e experiências.
Como você lida com esse combo ambivalência e coerência em sua vida?
Se quiser ouvir a terapeuta junguiana Renata Netto do Nascimento, minha convidada no podcast Due Tramonti falando um pouco mais sobre o tema, clique aqui ou ouça no Spotify.
Te encontro em breve, assim espero. Inté!
Leia a coluna anterior:
#01 - E/ou: você pratica?
Você já se deparou com a expressão "e/ou" em textos e formulários? Este é um recurso gramatical interessante da língua portuguesa que usamos para indicar que duas ou mais opções podem ser verdadeiras simultaneamente ou de forma independente. Isso nos permite abarcar várias possibilidades em uma única expressão, refletindo a complexidade e a flexibilidade do pensamento humano.
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