Rosaria Penz Pacheco | Histórias que Inspiram #12
De executiva a sommelier de cervejas, a trajetória profissional da Rosaria Penz Pacheco é o exemplo da importância de seguir nossos sonhos.
Uma vez por mês, eu compartilho histórias inspiradoras de profissionais que se reinventaram na carreira. Seja mudando de atividade, criando um projeto paralelo, ou trabalhando em uma nova carreira, sempre em busca de uma vida equilibrada e com significado. Pegue sua xícara de café e boa leitura!
Você deixaria seu trabalho de quase 20 anos como executiva de contas de um grande banco para tornar-se sommelier de cervejas? E você, já pensou em mudar tudo para buscar algo mais autêntico? Talvez essa transição de carreira não fosse o que você imaginaria para si, mas foi exatamente isso que a economista, especialista em Gestão de Sustentabilidade, Rosaria Penz Pacheco, fez há alguns anos.
Gaúcha de Porto Alegre, no início dos anos 2000, Rosaria já trabalhava há algum tempo no antigo Unibanco quando recebeu uma promoção para se mudar para São Paulo. “Meu sonho era trabalhar como aquelas executivas que a gente vê nos filmes, de terninho e um copo de café nas mãos, caminhando pelas ruas.”
Em São Paulo, onde viveu e trabalhou por uma década, ela alcançou altas posições no banco. Trabalhou na Avenida Paulista e morou na badalada Oscar Freire, rua icônica da capital paulista. Para a guria que sonhava em trabalhar de terninho em grandes empresas, esse cenário era a grande realização.
Mas, como dizem por aí, basta ter um planejamento que a vida vai lá e muda tudo. Depois de todos esses anos longe de Porto Alegre, ela começou a sentir a distância, em especial dos pais. “Meus pais estavam envelhecendo, e eu queria estar próxima deles, aproveitar melhor a convivência com a minha família.”
Se você ficou curioso(a) para entender como a Rosaria trocou o terninho, o salto alto e as reuniões nos prédios envidraçados da Avenida Paulista, pelo jeans, camiseta, piercing no nariz e o braço todo tatuado, pega seu copo de cerveja e confere a conversa que tive com ela.
→ Você voltou a Porto Alegre para seguir trabalhando no banco, certo?
Isso, eu pedi uma transferência e continuei como executiva de contas no banco. Fiquei mais um tempo trabalhando assim até que comecei a ter alguns problemas de saúde, como intolerância à lactose, síndrome do intestino irritável. Toda segunda-feira eu acordava muito mal. Entendi que meu corpo estava pedindo socorro. Tinha 39 anos e não queria mais viver daquele jeito. Estava odiando tudo!
“Eu já me sentia sufocada nos últimos anos de trabalho no banco.”
→ Foi nessa época que surgiu a ideia de ser sommelier de cerveja?
Mais ou menos. Antes de deixar o banco, fui passar umas semanas na Europa e aproveitei para conhecer Paris. Caminhando por lá, vendo aqueles bistrôs característicos da cidade, pensei que era isso que eu queria fazer: passar os dias atendendo as pessoas, conversando, sem toda a pressão que vivia. Ao voltar de viagem, entrei em acordo com o banco para ser demitida. Conversando com uma amiga sobre os próximos passos profissionais, ela sugeriu que eu fizesse um curso de sommelier de cerveja, porque sempre foi minha bebida preferida.
→ Antes de te conhecer eu nunca tinha ouvido falar em sommelier de cerveja.
Se atualmente ainda é pouco conhecido, naquela época, em 2012, era menos ainda. Fui pesquisar o tema e tinha um único curso disponível em Campos do Jordão, interior de São Paulo. Foram três meses de aulas diárias para me capacitar nessa nova área. Eu era a única aluna mulher de uma turma de 12 alunos. Foi nesse curso que descobri uma infinidade de sabores, aromas e possibilidades de produzir cerveja.
“No curso é que tudo começou a fazer sentido. Um universo de possibilidades foi se abrindo na minha frente.”
Encantada com as possibilidades, ao retornar a Porto Alegre emendei outra formação, desta vez no primeiro curso de sommelier de cervejas do Rio Grande do Sul. E não parei mais (risos). Mais tarde estudei técnica cervejeira no Senac e me tornei juíza certificada pelo Beer Judge Certification Program (BJCP), dos Estados Unidos. Durante um período fui juíza em campeonatos no Brasil, no Uruguai e na Argentina.
→ O que você faz hoje? Onde foi parar o sonho do bistrô parisiense?
O bistrozinho acabou virando um bar de dois andares na Cidade Baixa (bairro boêmio na capital gaúcha). Eu e meu irmão, Ruiz, planejamos o negócio por um ano e meio até abrir as portas do Penz Bier em 2016. Meu irmão ficou responsável pela cozinha e eu fiquei com o restante, do atendimento às compras, gestão de pessoas, controle de estoque, financeiro, e tudo mais que você imaginar.
“O Penz Bier era mais que um bar; era uma conexão viva entre pessoas, ideias e histórias.”
→ Quanto tempo o Penz Bier funcionou?
Foram dois anos e meio, mas a sensação que eu tenho é que foram 25 anos. Sempre gostei de trabalhar por muitas horas, mas no bar era uma rotina muito desgastante. Eu iniciava o trabalho às 8h, o bar abria às 11h, e dificilmente saía de lá antes da 1h da manhã. Eu não me arrependo de nada e sei que foi um período de muito aprendizado. Porém, hoje eu faria algumas coisas diferentes.
→ Quando foi a outra virada de carreira, de sommelier de cervejas e dona de bar para a área de Recursos Humanos?
Depois que encerramos as atividades do Penz Bier, eu criei a minha marca de cerveja em uma cervejaria de um grande amigo em Porto Alegre. Foi nesse projeto de criar bebidas com as minhas receitas que, entre uma conversa e outra, percebi que o que eu gostava mesmo era das pessoas e das conexões que fazia entre elas. Tenho amigos desde a época do banco há quase 30 anos. Durante o funcionamento do bar, fiz muitos amigos e também diversas conexões, especialmente entre quem precisava de trabalho e quem precisava de colaboradores.
Lembro que, na época do banco, o que eu gostava mesmo era estar em contato com os clientes, ver onde poderia contribuir com cada negócio, apoiar o crescimento daquelas pessoas. Ou seja, as pessoas sempre foram o centro de tudo o que fiz até hoje.
Nesse período em que estava criando minhas receitas de cerveja com amigos, a pandemia chegou e tudo parou. Fiquei sozinha em casa e quase enlouqueci. Até que um dia surgiu a oportunidade de ir trabalhar em Florianópolis em uma indústria de produção de levedura. Não pensei duas vezes, me desfiz de tudo o que tinha, entreguei o apartamento em Porto Alegre e mudei para Floripa. Isso era janeiro de 2021.
→ Você gosta de mudanças radicais, né?
É verdade (risos)! Mesmo assim, o trabalho na indústria em Floripa não durou muito tempo. Mas eu não tinha muito o que fazer, pois não tinha mais casa em Porto Alegre e precisava dar um jeito de seguir onde estava. Um dia, olhando para o teto sem saber o que fazer da vida, lembrei das conexões que fazia entre as pessoas e como era difícil encontrar profissionais capacitados para o setor de alimentos e bebidas. Por que não criar uma empresa de RH cervejeiro?
Procurei a Daiane (minha sócia), apresentei o projeto a ela e, alguns dias depois, estávamos planejando o negócio. Em outubro de 2021 nasceu a Fermenta Pessoas, uma empresa especializada no recrutamento e seleção de profissionais para o mercado de alimentação e bebidas em todo o Brasil.
→ Tem alguma nova mudança planejada? Mudar para alguma área completamente diferente?
A Fermenta é onde eu quero estar. Eu adoro aconselhar, conversar com as pessoas, conectá-las. É muito realizador ver toda minha experiência de vida e profissional apoiando pessoas e negócios para crescerem e se desenvolverem. Acho difícil fazer alguma mudança tão cedo.
→ Como está o espaço da cerveja na sua vida?
Ah, hoje eu bebo menos cerveja (risos). Prefiro mais drinks e vinhos. Eu nunca bebi tão pouco na minha vida como agora.
E assim, mais do que uma sommelier ou executiva, Rosaria se tornou alguém que escolhe diariamente estar onde deseja estar.
Se você gostou deste post, eu adoraria se você o compartilhasse com um amigo que precisa se inspirar na vida e na carreira.
Priii, quanta inspiração!!!
O Carreiras Múltiplas é um espaço que me inspira profundamente e me faz sentir acolhida. Seus relatos, textos e histórias criam uma conexão especial, trazendo a sensação de estar acompanhada por diversas narrativas e possibilidades. A escrita leve e repleta de riqueza, caminhos e aprendizados é simplesmente encantadora. É um verdadeiro convite à reflexão e ao crescimento. Recomendo muito para todos e todas!