67 - E se você pedisse demissão por sua causa?
Respeitar os próprios valores é a decisão mais corajosa — e libertadora — que você pode tomar.

Esses dias, recebi uma mensagem no mínimo inusitada de uma amiga da época da faculdade:
"Pri, pedi demissão por sua causa!"
Fiquei parada, processando aquilo. MEUDEUSDOCEU!! O que será que eu fiz? Será que postei algo absurdo? Derramei café virtual em alguém sem perceber? Antes que eu entrasse numa espiral de culpa, ela explicou:
"Você fez um stories perguntando se sabíamos quais eram os nossos valores. Isso ficou martelando na minha cabeça. Um dos meus principais valores é o respeito, e percebi que ele não estava sendo respeitado no meu trabalho. Ponderei, conversei com meu marido e decidi sair antes de enlouquecer. Claro, vamos precisar fazer ajustes, abrir mão de algumas coisas, mas minha saúde mental não tem preço."
Confesso que essa conversa mexeu — muito — comigo. Não só pelo impacto que algo tão simples como uma pergunta pode ter, mas também porque já estive exatamente nesse lugar.
Durante o papo, falamos sobre muitas coisas — foi quase uma hora de chamada de vídeo! Lá pelas tantas, concluímos que, talvez, aos 20 ou 30 anos, tivéssemos aceitado conviver com esse tipo de situação. Mas, agora, perto dos 50, a urgência de dizer sim para nós mesmas parece muito maior.
Às vezes, você vai empurrando, achando que faz parte do pacote. Mas a verdade é que isso só aumenta o peso.
Na última empresa em que trabalhei com contrato fixo e exclusividade, entre 2011 e 2012, vivi exatamente o que a minha amiga relatou. Já contei aqui como demorou para eu perceber que estava não só ignorando meus valores, mas também enfrentando um ambiente de assédio moral (mas isso é papo para outro texto).
Naquela época, eu não tinha clareza sobre o que era essencial para mim. Só sabia que aquilo que eu estava vivendo não fazia sentido.
Hoje, olhando para trás, vejo o quanto foi importante passar por aquele momento para aprender a me respeitar. Mas, na época, tudo o que eu sabia era que aquilo doía. E muito.
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#01 - quando a maturidade traz coragem (e escolhas mais acertadas)
Na conversa, falamos sobre como, com o passar dos anos, certas situações já não são mais aceitas. A maturidade tem essa mágica: ela não elimina os dilemas, mas nos dá melhores ferramentas para lidar com eles. Aos poucos, você percebe que não dá para carregar uma mochila com um peso que não é seu.
E sabe o que é curioso? Essa clareza não vem com a idade, mas quando começamos a nos conhecer melhor e a perceber o que realmente importa para nós.
"Talvez, quando eu era mais jovem, tivesse aceitado aquele ambiente. Agora, com quase 50 anos, não consigo mais."
#02 - coragem, mas com planejamento
Minha amiga não largou tudo da noite para o dia. Ela pensou, planejou e se preparou para os impactos dessa mudança. Afinal, uma decisão corajosa não precisa ser impulsiva. O respeito pelos próprios valores exigiu ajustes, mas trouxe algo muito mais valioso em troca: a paz de estar alinhada consigo mesma.
Aqui vai um conselho que aprendi na prática: grandes mudanças não acontecem da noite para o dia. Elas começam quando você decide ouvir o que realmente importa para você.
Há 12 anos, quando me desliguei daquela empresa, não tinha feito planejamento algum. E, por isso, levei quase seis meses para me recompor. Então, por favor, não acorde um dia e decida pedir demissão sem um plano de ação. O planejamento vai te dar o fôlego necessário para seguir em frente quando as coisas ficarem difíceis.
#03 - quando o corpo grita o que a cabeça ignora
Sabe aquele cansaço constante? Ou aquela sensação de aperto no peito quando você pensa em algo que precisa enfrentar? Esses sinais não aparecem à toa.
Nesse trabalho, tive duas infecções urinárias e três crises de sinusite (uma delas me levou até a emergência) em 12 meses. Nunca fiquei tantas vezes doente como naquele período.
Seu corpo não é uma máquina; é seu aliado. Ele está sempre tentando te dizer algo. A pergunta é: você está disposta a ouvir?
#04 - hora de recalibrar
Agora, me conta: como estão os seus valores? Eles estão sendo respeitados no trabalho, nas suas relações, no seu dia a dia?
O final do ano é um convite silencioso para parar e refletir: onde você está e onde quer estar? Não precisa fazer uma revolução, mas talvez seja o momento para começar a fazer pequenas mudanças, com uma conversa sincera consigo mesma sobre o que realmente faz sentido para você.
Porque, no final, a maior conquista é viver uma vida onde você se sente em casa — consigo mesma e com o mundo ao seu redor.
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Desde o Rock in Rio o “Bruninho” tem me acompanhado na escrita. O texto de hoje foi na companhia dele ☕ 🫶🏻
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