07 - Qual foi o maior desafio da sua carreira até hoje? | Carreiras #05
“O mundo vai te perguntar quem você é, e se você não souber, o mundo vai te dizer." — Carl Jung, o influente psiquiatra, sobre o valor de conhecer a si mesmo.
Qual foi o maior desafio da sua carreira até hoje?
O meu foi ser demitida da última empresa que trabalhei com contrato fixo e de exclusividade com um filho de 1,6 ano em casa e sem ter nenhum planejamento para o plano B, C, W, Y ou Z.
Entre 2011 e 2012, eu assumi um cargo de liderança em uma empresa e, hoje, sei que não estava preparada para aquela função. Mas, como diz meu marido, a vaidade é um bichinho que faz a gente se perder na vida… Não foi tão radical assim, mas eu tinha 33 anos e agarrei aquela oportunidade com unhas e dentes. Acreditava que ali estava minha estabilidade profissional, financeira e até emocional. Eu fazia o que gostava (era na área de comunicação), eu poderia viajar a trabalho (algo que sempre quis) e tinha um pseudoplano de carreira que, nos anos seguintes, poderiam me dar a segurança que eu tanto queria.
Logo nos primeiros meses, eu vi que aquela função era muito diferente do antigo cargo de gestão que tive anos antes. Talvez por que um era no setor público e outro no privado? Talvez. Mas eu acredito que tem mais relação com a vida que eu levava em cada uma das situações.
Em 2008, quando trabalhava no setor público, eu tinha 30 anos, era recém-casada e não tinha filhos. Trabalhar por 9, 10 horas por dia, viajar todas as semanas, participar de reuniões aos finais de semana, nada era um problema. Eu adorava aquela agitação, aquela movimentação. Eu só pensava: “é isso que eu quero fazer para o resto da vida!”.
Na segunda situação, em 2011, já com 33 anos (guarde bem esse número), tinha filho pequeno que estava na escolinha. Essa informação, por si só já tem um dado subtendido: seu filho vai ficar doente a cada 15 dias. Dito e feito. Eu era quase sócia do consultório do pediatra. Mesmo com uma rede de apoio que sempre me auxiliou, sair para trabalhar e deixar o filho doente na casa da sogra não era o tipo de vida que eu gostaria de ter. A questão é que, nessa época, eu não sabia o que eu não queria. Eu só sabia o que queria: ocupar aquele cargo de gerência e crescer na empresa. “Era a minha oportunidade da vida!”.
Foi necessário passar por algumas situações de assédio moral, por crises de ansiedade (como ir e voltar do trabalho chorando) para eu pedir demissão. E eu só fiz isso porque meu marido me deu um ultimato: “ou você pede para sair ou eu vou lá e peço por você.” Obrigada, Márcio!
É importante esclarecer que eu tenho consciência dos meus privilégios e é justamente por isso que faço o trabalho que tenho hoje.
Eu não quero que mais pessoas - mulheres em especial - passem por situações semelhantes a minha. Não ser dona da minha carreira, entregar meu sonho de vida ideal (que depois eu descobri que era uma projeção que eu tinha da vida dos outros) nas mãos de uma empresa e não saber o que eu queria e, especialmente, o que eu NÃO queria, me levaram para um nível muito elevado de esgotamento.
Foi a partir dessa situação que eu entendi o que era importante para mim. Eu precisei aprender pela dor para hoje ensinar pelo amor!
Eu entendi que ter flexibilidade e liberdade são valores que eu não abro mão por menos de R$ 50 mil/mês (e olhe lá)!! Honestidade, ética e respeito também são valores que precisam fazer parte do ambiente de trabalho. Com a compreensão do que realmente vale para mim é que eu decidir criar a minha própria carreira solo.
Depois de 11 anos fazendo, aprendendo, falhando, ajustando, acertando e recomeçando, eu posso dizer que conheço o caminho das pedras. Eu gostaria de ter tido alguém como eu para pegar pela minha mão e me conduzir por esses processos. Certamente, eu teria batido menos cabeça e chegado antes onde estou hoje. Mas eu acredito que tudo é um grande e valioso aprendizado. Se foi necessário eu passar por tudo isso, algum motivo tem. E seria conduzir outras profissionais nesse processo com mais leveza e assertividade.
Meus 33 anos
Lembra dos meus 33 anos, lá em cima?
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