46 - A gente precisa aprender a se enxergar com os olhos dos outros
Aprender a valorizar o que realmente é importante ajuda a diminuir o volume das vozes da nossa cabeça que insistem em gritar que não somos capazes.
Carreiras Múltiplas é uma newsletter para quem está cansado da sua carreira ou do seu trabalho, quer mudar e não sabe por onde começar. Reflexões sobre carreira, vida em equilíbrio e futuro do trabalho. Por Pri Tescaro, jornalista, autora e mentora de carreiras.
Oi!
Esta semana, eu repeti a mesma frase para dois clientes diferentes: "A gente precisa aprender a se enxergar com os olhos dos outros".
É uma frase que repito há anos pra mim mesma (mas não é sempre que consigo colocar em prática por aqui 🙁). Foi o Márcio, meu marido, que disse pela primeira vez durante uma das minhas crises de síndrome da impostora. Era início da minha carreira solo e eu me lamentava por não conseguir clientes mesmo fazendo muitas coisas: escrever um blog e uma newsletter, participar de grupos de networking, criar conteúdos para redes sociais, fazer lives no Facebook, entre outras ações.
"Amor, você precisa se enxergar com os meus olhos para entender o quanto é boa em tudo o que faz."
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Lembrei da frase enquanto apresentava o resultado da Pesquisa de Posicionamento, uma ferramenta que faz parte da minha metodologia de Mentoria de Carreiras. Para mim, essa é a melhor maneira para aprendermos a nos enxergar com os olhos dos outros porque revela o melhor de nós sob o ponto de vista de pessoas que nos querem bem. Funciona assim: em um questionário online, pessoas dos mais variados perfis respondem a cinco perguntas sobre como nos percebem. Quais são os principais pontos positivos, qual problema somos indicados a resolver, como nos apresentam para outra pessoa, entre outras. Com as respostas em mãos, analiso cada uma delas e, junto com outros dados, escrevo o relatório com o meu olhar profissional.
Utilizo essa ferramenta desde 2019 e, em todo esse tempo, não houve um único cliente que não se surpreendesse com as respostas. A primeira surpresa é sobre as habilidades que têm e são muito valorizadas pelos outros, mas para eles não são tão importantes assim. Uma vez, um cliente ficou espantado quando descobriu que as pessoas valorizavam sua habilidade em resolver conflitos. Ele disse que nunca tinha percebido que era algo importante, pois fazia naturalmente.
Esse é o ponto! Quando aprendemos a nos enxergar com os olhos dos outros, valorizamos aquilo que realmente é importante e diminuímos o volume das vozes da nossa cabeça que insistem em gritar que não somos capazes de fazer isso ou aquilo.
Voltando aos clientes desta semana, os perfis de ambos são bem diferentes. O Cristiano tem 42 anos e viveu por muitos anos fora do Brasil. Inglaterra, Espanha e Chile são os países onde fixou residência por mais tempo. É fluente em inglês e espanhol, tem experiência em gestão de pessoas, administração e comércio exterior. Fez vários cursos livres e tem um diploma de mestrado de uma universidade espanhola. Antes de apresentar o resultado da pesquisa, ele não conseguia enxergar o valor em toda sua bagagem pessoal e profissional. Para ele, todo esse repertório não seria útil em sua próxima carreira.
A outra vez que utilizei a frase foi com a Shana Müller, artista gaúcha com mais de 20 anos de carreira na música. Além disso, ela é jornalista e comunicadora, tem um podcast sobre maternidade, é mãe de três filhos e tem um papel muito importante na tradição gaúcha. Durante a sessão eu fui mais enfática e a lembrei "da importância que ela tem na vida das pessoas".
"Shana, você tem noção de tudo o que construiu até hoje e tudo o que representa para os gaúchos? Mulher, você e seu trabalho são muito poderosos e têm uma força especial. Vamos jogar luz em tudo isso."
Estou contando essas duas histórias para mostrar que não importa quem seja, um profissional com experiências no exterior e um currículo incrível em diferentes áreas, ou uma artista com atuação em várias atividades, a dificuldade em nos valorizarmos está presente na vida de todo mundo.
Em algum momento da sua (nossa) vida vamos nos desvalorizar e ter dificuldades para enxergar nossos talentos e habilidades. Para algumas pessoas, esse tempo de desconexão entre quem somos de verdade e como nos percebemos pode durar anos. Para outros, com um processo de autoconhecimento e apoio externo, é possível começar a dar os primeiros passos para se enxergar com os olhos dos outros.
Aquele ditado "em casa de ferreiro o espeto é de pau" é presença constante na minha vida. Eu luto quase que diariamente para conseguir me enxergar com os olhos dos outros e me valorizar. Não é fácil. É um hábito que precisamos desenvolver todos os dias. Mas quando ele começa a dar os primeiros frutos em pequenas situações cotidianas, nos fortalecemos mais e mais e a visão fica mais nítida e passamos a nos tratar com mais amorosidade.
Se você quiser conhecer a ferramenta que comentei aqui neste post, responde este texto ou me escreva - priscila@pritescaro.com.br - para a gente conversar.
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Escrevi esta edição ao som das canções da Shana Müller. Divirta-se! 💚❤️💛
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Adorei seu texto, Pri! É impressionante como conseguimos ser nossos maiores sabotadores, não é? Como o rapaz que você citou, também tenho experiência em diferentes áreas, sei que pode ser um desafio conseguir colocar tudo isso numa história coerente. Mas tenho aprendido que podemos usar todas essas experiências como “gavetas” de histórias que vamos pinçando ao longo da vida. Nenhuma experiência é perdida.