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59 - A delicadeza da minha rotina
Cada detalhe do dia a dia tem um valor que nos lembra das escolhas que fazemos.
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Oi!
Minha mesa de trabalho fica em frente a uma grande porta de vidro. Eu brinco dizendo que é o meu “mural de observação” para tudo o que acontece do lado de fora.
Essa é a vista que tenho todos os dias quando começo a trabalhar, perto das 9h30, depois de deixar o Pietro no colégio, caminhar, fazer minha rotina matinal, tomar café, cuidar dos gatos e da casa. Há quase 13 anos, se você dissesse que essa seria minha rotina diária, eu teria soltado uma grande gargalhada e dito que você estava louco.
Demorei muito tempo para entender (e aceitar) que estava tudo bem fazer meu próprio horário de trabalho. Afinal, eu sou a gestora da minha carreira, certo? Minha terapeuta desempenhou um papel fundamental ao me “libertar” do conceito que me aprisionava: trabalhar de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
Hoje, consigo ter pequenos momentos de felicidade ao longo do meu dia, como passar alguns minutos com o Pietro no carro (apesar do mau humor matinal que assola os adolescentes). Esse é o nosso tempo. Tem dias em que o silêncio impera durante todo o trajeto. Em outros, ele conta histórias do colégio. E há aqueles dias em que vamos cantando Armandinho às 7h.
Essas memórias são construídas no momento em que acontecem, e aprendi que precisamos vivê-las em tempo real e não guardá-las para “quem sabe um dia”.
No frenesi diário, não temos tempo para observar os pequenos detalhes da vida. Enquanto abro o computador e começo a ver quais são as demandas do dia, meus gatos passeiam pela mesa pedindo carinho. O ronronar do Bob's e da Dody é um convite irrecusável para parar alguns instantes e afofar as panças molengas dos dois. Quando eles se cansam, descem da mesa feito faísca e ouço o barulho da máquina de café e penso: “O Má acordou.” Ele chega de mansinho com seu prato de bolo e a xícara de cerâmica com café quentinho, me dá um beijo e sai na varanda para tomar sol e apreciar a vista bem lentamente.
Essas são as pequenas belezas diárias que eu não conseguiria ter se meu dia de trabalho iniciasse às 8h. Aprendi a valorizar essas delicadezas, pois elas validam minhas escolhas pela carreira solo. São esses momentos que já não posso abrir mão, pois me abastecem de energia e amor.
É nesse balanço diário que vou construindo - e vivendo - a vida que sempre quis, mas não sabia. Só fui descobrir que esses momentos são minhas pequenas doses de felicidade que me encantam ao longo do dia.
A vida é feita desses detalhes que, muitas vezes, passam despercebidos em meio à correria.
Ao abraçar minha autonomia e escolher a flexibilidade, aprendi que cada momento, por mais simples que seja, pode ser uma fonte de alegria e significado.
E você, o que pode estar perdendo esperando pelo momento certo?
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