42 - O que você quer da vida?
"Felicidade se acha em horinhas de descuido." – Guimarães Rosa
Carreiras Múltiplas é uma newsletter para quem está cansado da sua carreira ou do seu trabalho, quer mudar e não sabe por onde começar. Reflexões sobre carreira, vida em equilíbrio e futuro do trabalho. Por Pri Tescaro, jornalista, autora e mentora de carreiras.
O que você quer da vida?
"Ser feliz!". Esta é a resposta que quase todo mundo vai dar. Ser feliz engloba (ou pelo menos deveria englobar) todas as áreas da vida: relacionamentos, carreira & trabalho, família, saúde & bem-estar, sucesso profissional, dinheiro. Mas será que ser feliz é um objetivo de vida, algo a ser procurado e encontrado como se fosse o encerramento de um processo? Encontrou a felicidade, terminou a busca, game over?
Eu sempre pensei que só seria feliz quando desse o próximo passo na escada imaginária da vida. A minha definição de felicidade na época da faculdade era concluir o curso, pegar o diploma, mudar para São Paulo e trabalhar no jornal Folha de S. Paulo.
Com o diploma nas mãos comecei a trabalhar na redação do jornal da minha cidade no interior de São Paulo. Comecei trabalhando como rádio-escuta e sempre pensava que ainda não estava bom e que a felicidade viria quando conseguisse uma vaga de repórter. Consegui a vaga e fiquei procurando a tal da felicidade que eu me auto prometi. E olha que engraçado, ela não veio e durou para sempre. Ela chegou, ficou por alguns dias e depois foi embora.
E antes que você pense que sou uma pessoa ingrata com as minhas conquistas ou que nunca estou feliz com nada, pare e pense na sua vida. Você é realmente feliz o tempo todo ou está sempre buscando a felicidade na próxima conquista?
Observe que sempre estamos com o discurso pronto de: “serei feliz quando casar”; ou “só serei feliz quando for trabalhar na empresa XPTO ou alcançar o cargo XYZ”; “a minha vida estará completa quando eu comprar a casa com três andares”; ou ainda “serei muito feliz quando passar um mês viajando pela Europa”.
Aprendemos que a felicidade só existe quando aparece a oportunidade certa e que vai garantir a nitidez do nosso futuro.
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Nessas e outras a gente vai meio se enganando de que a felicidade é o ponto final de uma viagem que parece mais uma tortura de tanto peso que carregamos. Somos ensinados a acreditar que a felicidade é um pote de ouro no final do arco-íris. Quando alcançamos aquele objetivo e não encontramos o que esperávamos, recalculamos a rota e definimos um novo objeto de desejo com a etiqueta de felicidade.
#01 - uma boa vida
As primeiras páginas do livro "Uma Boa Vida: como viver com mais significado e realização", baseado no mais longo estudo científico sobre felicidade da história, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, traz o seguinte questionamento:
Se você tivesse que tomar uma única decisão vital, neste exato momento, para aumentar suas chances de ter saúde e felicidade no futuro, qual decisão tomaria? Escolheria guardar mais dinheiro todo mês? Mudar de carreira? Viajar mais? Qual decisão seria capaz de assegurar que, em seus últimos dias, você pudesse olhar para trás e dizer que teve uma boa vida?
Marc Schulz, autor do livro, conta que foi realizada uma pesquisa em 2007 com a geração millennials (pessoas nascidas entre 1981 e 1995) sobre quais seriam seus objetivos de vida mais importantes. Para 76% dos entrevistados, enriquecer é a decisão que os faria mais felizes. Metade deles mencionou a busca pela fama.
Mais de uma década depois, quando esses millennials já eram adultos mais experientes, perguntas semelhantes voltaram a ser feitas. A fama tinha perdido algumas posições na lista, mas os principais objetivos ainda incluíam ganhar dinheiro, ter uma carreira de sucesso e livrar-se das dívidas.
E quem não quer ganhar dinheiro, não é mesmo?
Será que a felicidade é apenas viver para ganhar dinheiro ou também para aproveitar toda essa grana em pequenas doses diárias de felicidade?
Quando definimos que a nossa felicidade está baseada em objetivos comuns e práticos, deixamos de lado esse olhar mais humano para a nossa vida. Já parou para observar que em qualquer conversa com uma criança, uma das perguntas que fazemos é: "o que você quer ser quando crescer?" E quando conhecemos alguém, uma das primeiras perguntas que fazemos é: “Você trabalha com quê?”.
Segundo Marc Schulz, "o sucesso na vida é muitas vezes medido por titulações, salários e reconhecimentos, embora a maioria de nós entenda que essas coisas não contribuem necessariamente para uma vida feliz. Aqueles que conseguem cumprir alguns ou mesmo todos os objetivos desejados muitas vezes se pegam sentindo a mesma insatisfação de antes."
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#02 - felicidade pós-pandemia
A pandemia despertou um sentimento de urgência em todos nós. Em tempos onde perdemos tantas pessoas queridas, viver uma vida onde a felicidade é apenas um destino e não o processo parece não fazer sentido algum.
Em uma pesquisa feita pela consultoria de recursos humanos Randstad que entrevistou mais de 27 mil pessoas em 34 países apontou que 81% dos brasileiros querem mais equilíbrio entre vida profissional e pessoal, número acima da média global que é de 67%.
Baseado nos resultados, a consultoria identificou um fenômeno chamado pela consultoria de “great enlightenment” – ou “a grande iluminação”. A mudança de emprego é um fato para essa parcela dos trabalhadores brasileiros, que estão determinados a achar uma oportunidade que lhes traga mais equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Por que precisamos trabalhar em uma carreira que não traz nenhuma satisfação pessoal?
#03 - felicidade é encontrada ou pode ser construída?
Toda vez que começamos a trilhar outro caminho para "encontrar a felicidade" parece que estamos zerando o relógio para iniciar uma nova contagem. Mas a vida não pára e começa tudo de novo, do zero. Nós seguimos de onde estamos, com as ferramentas que temos, com nossos aprendizados e com a nossa trajetória de vida.
"É possível ser feliz durante a jornada e não apenas no destino final?"
Eu sei que pode parecer papo de coach do Instagram, mas eu acredito sim que precisamos enxergar a felicidade em "horinhas de descuido", como bem escreveu Guimarães Rosa. Pode ser na xícara de café com um pedaço de bolo quentinho que você saboreia enquanto está fazendo um relatório super chato. Ou quando você tira uns minutinhos para afofar os gatos antes de iniciar uma reunião que poderia ser um e-mail.
Ser feliz é uma construção contínua, e não um lugar a ser alcançado quando tudo for perfeito ou algo de bom acontecer.
PS: eu nunca trabalhei na redação da Folha de S. Paulo. Hoje, eu percebo que minha felicidade nunca esteve lá. Eu estava apenas "seguindo o fluxo" da minha geração.
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Novidades
Na próxima segunda-feira, dia 10, estreia a coluna Planejamento Financeiro além dos números, da Priscilla Pellisoli. Em seu primeiro texto, a Pri vai aproveitar o clima de amor no ar por causa do Dia dos Namorados e abordar o tema de dinheiro no relacionamento. "Pode não ser tão romântico, mas é extremamente importante tirar esse tabu na relação entre os casais".
Esta semana, criei pequenos momentos de felicidade. Um deles, ao escrever esta edição, foi ouvir esta playlist apropriada ao clima: Pra Dançar - Festa anos 90 e 2000. Quem nunca parou no meio da festa de casamento para fazer a coreografia de “aserehe ra de re..” que atire a primeira pedra! :)
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