77 - 47 anos e algumas cartas para mim mesma
O que eu diria para a Pri de 20, 30 e 40 anos?


Oi!
No começo deste ano, voltei da casa da minha irmã com uma mala repleta de fotos, cartas, bilhetes e memórias. Muitas memórias. Algumas dessas lembranças não consegui olhar. Não me sinto preparada para remexer em assuntos que ainda não estão resolvidos. Mas as fotos... ah, essas são doces recordações que eu quero compartilhar hoje.
Hoje, faço 47 anos! Sempre gostei de fazer aniversário. Quando era mais nova, passava semanas planejando o dia perfeito, a festa perfeita. Aliás, a Priscila antes de se tornar mãe aos 33 anos queria viver a perfeição em tudo: carreira, vida pessoal, corpo, amizades, relacionamentos. Quando Pietro nasceu, percebi que a perfeição que eu buscava não era sobre controle absoluto, mas sobre presença. Serei clichê, mas se tem um marco que divide minha vida em antes e depois, é esse.
Ao longo dos anos, vivi diferentes versões de mim mesma. Algumas mais seguras, outras completamente perdidas. Cada uma com sua dose de erros, acertos, cafés e recomeços. Hoje, resolvi escrever esse texto como uma forma de olhar para trás e reconhecer tudo o que já foi – e olhar para frente com a mesma curiosidade de quem ainda tem muito por descobrir.



A Pri dos 20 era cheia de sonhos grandes e planos soltos. Começando a carreira, tentando entender como funcionava esse tal de “mercado de trabalho” e acreditando que o sucesso vinha em linha reta. (Spoiler: não vem.)
A Pri dos 30 já tinha vivido algumas quedas e entendido que a vida é feita de curvas e encruzilhadas. Nessa fase, aprendi a me reinventar, a me reconstruir e a confiar mais no meu próprio caminho. Foi quando percebi que mudar de rota não era um fracasso, e sim uma chance de me aproximar de quem eu realmente queria ser. Casei, me tornei mãe e decidi trilhar minha carreira de forma independente. Foi a década com as maiores descobertas até hoje.
A Pri dos 40 começou a fazer as pazes com a ideia de que o equilíbrio entre vida e trabalho não é um destino, mas uma prática constante. Foi quando a escrita começou a ocupar um espaço maior na minha vida – e eu finalmente enxerguei que era isso o que eu queria fazer todos os dias. E agora, aos 47, sigo aprendendo que clareza não significa ter todas as respostas, mas confiar no que faz sentido agora.


O que aprendi (e que diria para a Pri mais jovem)
Se eu pudesse mandar uma carta para as minhas versões mais novas, escreveria algumas coisas:
Paciência, Priscila Inês. Paciência!
Nem tudo precisa ter um plano perfeito. Às vezes, só começar já é o bastante.
Você sempre pode mudar de rota – e isso não significa que errou antes.
Vai por mim: rotina não é prisão. Encontrar um ritmo que faça sentido para você muda tudo.
O tempo não está contra você. Ele joga a favor de quem aprende a caminhar com mais leveza.
As melhores decisões quase nunca vêm da pressa. Confie no seu próprio tempo.
Agora, com 47 anos, olho para frente com a vontade de continuar aprendendo, explorando e escrevendo. Algumas anotações que fiz no meu caderninho pessoal:
Respire e vá. Confie naquilo que existe dentro de você.
Continue vivendo da escrita e expandindo esse trabalho que tanto me move.
Aproveite mais os pequenos momentos – os cafés sem pressa, as caminhadas, as boas conversas.
Envelheça com leveza, minimize a autocobrança e aproveite mais a presença.
Cuide do corpo, especialmente dos joelhos. Vou precisar deles se quiser dançar na minha festa de 107 anos.
Deixe a vaga no estacionamento para lá. Minha saúde mental agradece.
Medite e conte até 10 antes de responder qualquer coisa que me tire do sério.
Não se esqueça do filtro solar pela manhã e do colágeno à noite.
Se puder, faça terapia. Abra mão de outros luxos, mas nunca da terapia.



Se eu pudesse resumir tudo o que aprendi até aqui em uma frase, seria essa: a gente nunca chega ‘pronta’. E isso não é um problema – é o próprio caminho. Então, que venham os próximos anos, com todas as surpresas, aprendizados e boas histórias para contar.
Agora, vou ali pegar um café e celebrar mais um ciclo. Porque, no fim das contas, é isso que realmente importa: estar aqui, vivendo, aprendendo e recomeçando quantas vezes forem necessárias.
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Uma jornada inspiradora, feliz aniversário!
Feliz Aniversário Priscila Inês!! Como sou grata por testemunhar esse caminho de transformações contigo. Você é uma potência de mulher!!! Viva 10 de Março!!!