37 - Será que você vai ler?
"Nossa luz não pode depender de outras pessoas." – Michelle Obama
Estava navegando pelo catálogo do Netflix nesses dias e encontrei o documentário "Nossa Luz Interior", no qual a apresentadora Oprah Winfrey entrevista a ex-primeira dama dos EUA, Michelle Obama. O bate-papo era a última parada da turnê de lançamento do livro da Michelle, que tem o mesmo nome
"A mulher que dispensa apresentações de verdade!" – é como a apresentadora Oprah Winfrey apresenta Michelle Obama
Logo nas primeiras cenas, o auditório lotado de mulheres aplaude de pé por alguns minutos a ex-primeira-dama, que também é advogada formada em Princeton (uma das melhores universidades do mundo), é mãe, podcaster, ativista social e autora de dois livros.

Talvez você esteja se perguntando se depois dessa apresentação Michelle Obama deve ser a pessoa mais confiante do mundo e nem sabe o que significa síndrome de impostora, certo?
ERRADO!
Na introdução do seu novo livro, ela conta que um dia antes de iniciar a turnê do "Minha História", lançado em 2018, o único pensamento que tinha em mente era: "Eu sou boa o suficiente?". Eu poderia imaginar qualquer pessoa com síndrome de impostora, menos a Michelle Obama, uma das minhas personas de inspiração.
Eu lembro da primeira vez que ouvi o termo síndrome da impostora, em 2013, logo no início da minha carreira de mentora e consultora. Eu não tinha ninguém para validar o meu trabalho e, com isso, não sabia se estava indo bem, se estava no caminho certo ou não. Eu tinha aprendido a vida toda que precisava da validação externa e, pela primeira vez na vida, ao trabalhar por conta própria, eu não sabia a quem recorrer para perguntar: "e aí, fiz tudo certo?".
Foi nessa época que conheci o trabalho da americana Brené Brown, uma das principais especialistas quando se trata de síndrome da impostora e vulnerabilidade. Comprei o livro "A Arte da Imperfeição" e balancei a cabeça em quase todas as páginas enquanto concordava com as palavras da minha mais nova melhor amiga
No texto, Brené costura os termos de síndrome da impostora, vulnerabilidade e coragem. Para admitir que convivemos com a impostora interna e aprender a viver com vulnerabilidade, é preciso coragem. Muita coragem!
"Coragem é como…. uma postura, um hábito, uma virtude: você a consegue através de atos corajosos. Assim como você aprende a nadar nadando, você aprende coragem praticando-a." – Brené Brown
Afinal, o que é a síndrome da impostora?
Não é uma doença caracterizada pela Organização Mundial da Saúde, mas para quem se sente uma impostora, é um tormento viver com uma vozinha dentro da sua cabeça lhe dizendo que você não é boa em nada.
Eu convivo com a síndrome da impostora desde que me conheço por gente e sei muito bem como ela age. Ela dói, maltrata, é rude e áspera. Ela não tem limites e, muitas vezes (ou na maioria delas), faz de tudo para nos boicotar e impedir de dar um novo passo, e outro, e outro.
Essa voz da síndrome da impostora exige perfeição, mas está o tempo todo questionando se realmente temos condições de fazer o que nos propomos. Sempre falta ler mais um livro, fazer mais um curso, ter mais horas de treinamentos, etc. Parece que nada é suficiente para se candidatar a um cargo de liderança, para prospectar novos clientes, para fazer uma palestra, para criar um workshop. Os textos da news, que eu adoro escrever, sempre levam mais tempo do que deveriam para finalizar. Sempre tem uma informação extra que eu acho que preciso incluir. Aquela vozinha está lá gritando pra mim: "ué, Priscila, você vai deixar este trecho de fora? Ele é tão importante…"

Esses dias, tive uma crise de síndrome de impostora. Depois de ter trabalhado até às 22h, tive uma discussão com meu filho adolescente e desabei. Me culpei por não ser uma boa mãe, de não dar conta de cuidar da casa (como EU gostaria) porque estou trabalhando muito, de não saber cuidar do jardim (e talvez ter matado algumas plantas) e de ter deixado meus cuidados físicos e mentais de lado.
Até hoje eu não descobri uma cura mágica para a síndrome da impostora. Digamos que a gente aprende a conviver ao desenvolver técnicas para enganá-la. Autoconhecimento é fundamental para se apropriar daquilo que realmente somos bons. Quando conhecemos quem somos de verdade, nossos talentos e habilidades e, com isso, encontramos nossa voz no mundo, conseguimos diminuir o volume dessas vozes até ficar imperceptível.
Em um dos trechos do documentário da Michelle Obama, ela diz que ainda convive com os medos da síndrome da impostora e que tenta controlá-los constantemente.
"Eu sou responsável pela minha felicidade. A minha luz não pode depender de outras pessoas". – Michelle Obama
Quer ajuda para aprender a diminuir o volume da voz da impostora?
Essa voz é insistente e adora falar bem alto (às vezes até mesmo gritar!) para impedir que avancemos, seja onde for, na carreira que desejarmos, no trabalho que sonharmos. Eu aprendi a diminuir o volume dela sempre que percebo que ela está ocupando um espaço maior do que deveria.
Se você quiser aprender como fazer o mesmo, vamos conversar! ;)
Sou mentora de carreiras e já ajudei mais de 500 pessoas nesse processo de transição ou de preparação para uma tomada de decisão consciente. Agende um café comigo sem compromisso e quem sabe a gente possa mapear seus talentos e habilidades e você transformar a vida profissional, conquistando sucesso e felicidade. :)
A cozinha pode ser um lugar de coragem?
Para quem equilibra as demandas de uma carreira com a gestão de um lar, enfrentar a cozinha pode ser um reflexo das batalhas contra a síndrome do impostor. O desafio de experimentar novas receitas espelha o receio de assumir riscos profissionais, temendo não estar à altura das expectativas. No entanto, esse espaço, repleto de vulnerabilidade e oportunidade para experimentação, oferece um terreno fértil para cultivar a autoconfiança. Tal como se aventurar em pratos desconhecidos requer uma dose de coragem, abraçar novas responsabilidades profissionais solicita um salto de fé em nossas próprias capacidades, ensinando-nos a valorizar o processo de aprendizagem acima do temor ao erro.
Este cenário convida não apenas à superação pessoal, mas também à habilidade diplomática de negociar a divisão de tarefas na cozinha com outros membros da família, transformando o ato de preparar refeições em uma prática de comunicação e colaboração. Encarar juntos o desafio de diversificar o cardápio e compartilhar responsabilidades culinárias reforça a importância de trabalhar em equipe, tanto em casa quanto na vida profissional. Cada tentativa de cozinhar, seja bem-sucedida ou não, se torna uma lição em resiliência, comunicação e compartilhamento de tarefas, desmantelando a ideia de que o perfeccionismo é necessário para o sucesso. Para todos na casa, a cozinha pode emergir como um ambiente onde o medo de falhar se dissolve em experiências compartilhadas, nutrindo a vida com autenticidade e satisfação coletiva.
Por Rodrigo Cotrim de Carvalho, da @escoladecomida .
Se você me acompanha por aqui e no Instagram sabe que estou com um projeto de conhecer várias cafeterias de Porto Alegre para escrever meus textos. Semanalmente, escolho um espaço e passo a tarde entre cafés, delícias gastronômicas e meus escritos.
Esta edição foi escrita no Ginkgo Café & Floricultura. Uma mentorada que me deu a sugestão e realmente o lugar é incrível. Além de tudo ser incrível - recomendo o Panini com recheio de requeijão - tem um agradável aroma no ar que dá uma sensação de aconchego ímpar. Descobri que eles têm uma playlist própria e é claro que ela foi minha companhia enquanto abria meu coração sobre minha vulnerabilidade e a síndrome da impostora que me acompanha há tempos.




Dê o play e boa leitura! 🧡
Nos vemos na próxima semana!
Com carinho,
Pri
Pri querida, só queria te dizer que fiquei fã do Má com esse print!
E que você já esteja bem!
:)