Leila Matos | Histórias que Inspiram #08
”Mudei minha vida depois dos 40 e fui muito mais feliz depois dos 40.”
Uma vez por mês, eu compartilho histórias inspiradoras de profissionais que se reinventaram na carreira. Seja mudando de atividade, criando um projeto paralelo, ou trabalhando em uma nova carreira, sempre em busca de uma vida equilibrada e com significado. Pegue sua xícara de café e boa leitura!
Sabe aquela pessoa que a vida tenta dar uma rasteira, mas ela tem um jogo de cintura tão bom que não cai no chão? Assim é a Leila Matos, minha entrevistada de junho do Histórias que Inspiram.
Eu adoro conversar com a Leila por vários motivos. Pela leveza e suavidade no tom de voz, pelo olhar positivo da vida e pela força e resiliência que ela tem para encarar os vários desafios que já venceu.
A Leila foi minha mentorada em 2017 e de lá pra cá ela se reinventou algumas vezes. Sempre disposta a aprender, crescer e oferecer sua melhor versão em tudo que se compromete a criar e colocar no mundo.
“Sou uma pessoa muito intensa e fui moldando minha vida de acordo com cada momento que estava vivendo. Eu aproveitei cada oportunidade e foi incrível tudo que vivi até hoje”.
Aos 50 anos, Leila é formada em Direito, mãe do Murilo de 26 anos e casada com o Jonatas, o amor da sua vida! Durante a nossa conversa falamos sobre filhos, família, o tempo que ela foi minha mentorada, ideias de produtos e serviços… A conversa com ela flui que a gente nem se dá conta. Aproveite a leitura com uma xícara de café ou chá quentinho ou uma deliciosa taça de vinho, porque a história da Leila é inspiradora!
Importante: esta entrevista foi realizada em abril, pouco antes das enchentes devastarem o Rio Grande do Sul. A casa da Leila, em Canoas, foi atingida e ela perdeu quase tudo. Ficou quase 30 dias fora de casa apenas esperando a água baixar para voltar e recomeçar. Porque é isso que a Leila faz, ela sempre recomeça, se reinventa e segue em frente.
→ Por que escolheu fazer faculdade de Direito?
Escolhi esse curso por causa do meu pai. Ele era policial e tinha o sonho de estudar Direito. Ele não pôde realizar, mas eu sim. Além disso, eu acreditava que o aprendizado do Direito poderia abrir portas em qualquer área que eu quisesse trabalhar. No fundo, era uma opção do coração poder estudar algo que meu pai queria ter feito. Foi uma grande realização pra mim quando concluí a graduação.
→ Você concluiu a faculdade e já atuava na área de Direito?
Quando me formei em Direito eu trabalhava na Springer (atual Midea) onde fiquei por 12 anos. No final do ano que concluí a graduação recebi uma promoção para cargo de coordenação. Apesar de ter o conhecimento da área administrativa, eu precisava justificar o cargo e, logo em seguida que terminei a faculdade de Direito, fiz uma pós-graduação em Gestão Empresarial na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No ano que concluí a pós fui demitida da Springer.
→ Sério?
Eu nunca fui boa em gestão de pessoas e não era feliz no cargo de coordenação. Hoje, eu sei que eu sou muito boa em executar, em colocar a mão na massa, não em comandar.
→ O que você fez depois da demissão?
Viajei para a Suíça para investir em mim. Ter uma experiência de vida que a maioria das pessoas faz quando se é jovem, solteira, sem filhos. Eu tive essa oportunidade depois de casada e mãe e foi importante ter apoio para ir e viver esses meses em busca de cultura sem saber o que efetivamente eu faria como carreira. Foi uma experiência incrível.
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→ O que você fez depois desse período na Europa?
Depois que voltei para o Brasil tentei algumas experiências na área do Direito. Fui trabalhar em um escritório de advocacia para me encontrar na área. Também trabalhei como juíza leiga por cinco anos no Juizado Especial Criminal (Jecrim) de São Leopoldo (RS). Depois, por três anos, empreendi com uma loja de decoração em Esteio (RS), a Armazém da Casa. Foi nessa experiência que entendi que a força do empreendedorismo não era pra mim.
→ Como assim?
Eu adoro decoração e tudo o que envolve esse universo da casa e acreditava que isso bastava para ter uma loja de sucesso. Hoje, eu vejo que é preciso muito mais que conhecer e gostar do tema para fazer o negócio acontecer e eu não tenho o perfil para empreender nesse formato, com estrutura física. Passar por diferentes experiências me ensinou sobre aquilo que eu quero e o que não quero para a minha vida.
→ Depois da loja você entendeu que era hora de parar de trabalhar?
Eu sei que tinha uma condição de privilégio e poderia não trabalhar. Mas eu sempre fui inquieta e sempre gostei de trabalhar. Depois que fechei a loja contratei uma empresa de recolocação profissional e fui contratada para o cargo de Secretária Executiva de uma empresa no ramo de cartões e gestão de frotas em ascensão no país. “A minha experiência de vida foi o diferencial que fez com que eu fosse contratada para essa vaga.” Fiquei lá por quatro anos.
→ Por que você deixou o trabalho de Secretária Executiva?
Pedi demissão em 2014 porque meu ex-marido recebeu uma proposta de trabalho em Goiânia e nós decidimos mudar com a família para lá. É aqui que a minha história de vida pessoal define os novos rumos da minha vida profissional. Antes de mudar para Goiânia me separei do pai do Murilo e decidi continuar morando em Esteio. Foi nessa época que reencontrei o Jonatas. A carreira que construí a partir de então está moldada nas prioridades de vida que foram surgindo com essa nova relação.
“Quando fui trabalhar como Secretária Executiva foi lindo. Eu consegui colocar todas as minhas vivências pessoais e a minha formação em Direito em um trabalho só. Foi muito, muito bom!”
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→ Nós duas nos conhecemos em 2016, pouco tempo depois que você iniciava este novo momento de vida.
Isso mesmo. Tenho muitas memórias do trabalho que fizemos juntas. Eu queria ter um trabalho que me permitisse manter a flexibilidade dos dias e horários para acompanhar o Jonatas nas viagens de trabalho. Naquela época, eu não sabia ao certo o que queria fazer e nem sabia em que eu era boa para transformar em um trabalho. Foi durante os exercícios que você me guiou que comecei a entender quais eram minhas habilidades. Descobri a comunicação, a gastronomia, os cuidados com a casa e é isso que eu faço hoje ao compartilhar esses conteúdos diariamente no Instagram.
→ Eu lembro que ao final do seu processo você ainda levou alguns meses para colocar os projetos na rua. Por quê?
Você dá o caminho e as ferramentas, mas o tempo é nosso. O trabalho com você é uma desconstrução de pensamentos, de entender que podemos abrir mão de uma carreira e iniciar outra. E também entender que somos bons em outras atividades. Você pega na mão e vai nos guiando com amor, ressaltando nossas qualidades, mostrando nossas habilidades. Se amanhã não der mais certo no Instagram eu vou para outra carreira e tá tudo certo. Agora eu sei qual caminho seguir para dar o próximo passo.
→ Você contou que escolheu o curso de Direito por causa do seu pai. Foi difícil abrir mão do seu diploma para fazer algo diferente?
Tem uma frase que você disse uma vez que nunca mais saiu da minha cabeça: “Nós podemos ser bons em várias coisas”. Não tem nada mais lindo que descobrir isso e aceitar que somos bons em mais de uma coisa na vida. É claro que eu me sentia culpada por ter feito Direito e não ter tirado o registro da Ordem (Ordem dos Advogados do Brasil). Também me sentia culpada por ter trabalhado 12 anos em uma multinacional e não ter feito carreira lá. Por ter tido uma loja e não ter conseguido “dar certo”. Por ter sido Secretária Executiva e ter interrompido uma carreira promissora. Eu me sentia frustrada! Mas aí ouvi a sua frase e entendi que não é que as coisas deram errado. Pelo contrário, sou boa em muitas coisas, eu tive várias oportunidades e vivi cada uma delas com seus erros e acertos. E foram muito mais aprendizados do que falhas.
“Por que as pessoas têm tanta dificuldade em aceitar que a gente é feliz com o trabalho que faz sentido pra quem eu sou?”
→ Depois que finalizamos o trabalho em 2017 surgiu o @avidadepoisdosquarenta. Por que esse nome?
Tudo de mais desafiador na minha vida aconteceu depois dos 40 e eu consegui encarar tudo. Me separei, mudei emocionalmente e fisicamente, me reprogramei, mudei de carreira, fiz meu planejamento financeiro. Foi depois dos 40 que eu mudei a minha vida. Eu sou muito mais feliz depois dos 40.
→ Pela minha experiência como Mentora de Carreiras, chegar aos 40 anos, especialmente com as mulheres, gera vários pontos de interrogação. Foi assim com você?
Acho que sim. Mas eu comecei a olhar pra trás e pensar que já tinha vivido 40 anos e não tinha mais tempo para perder. Eu tinha uma urgência de viver e não queria deixar nada para depois. Criei o perfil nas redes sociais com esse objetivo de compartilhar com as pessoas que a vida pode ser ainda melhor depois dos 40 anos. Tem um pensamento comum de que depois dos 40 anos é que a vida deve se acomodar. Comigo foi o contrário e eu queria mostrar para os outros que a vida é muito boa depois dos 40. E é isso que eu faço criando e compartilhando meus conteúdos e meu dia a dia.
Muito do que compartilho nas minhas redes sociais vem dos aprendizados que tive com a minha mãe. Eu sou encantada por mostrar esse lado da vida, o simples, o belo e isso vem dela e da forma como ela nos educou. Minha mãe sempre dizia que “o mundo era maior que a nossa casa”. Eu aproveito toda a bagagem da minha mãe para construir quem eu sou hoje. Sou uma pá que carrego comigo tudo o que vejo e vou filtrando aquilo que me interessa e que é importante. E levo isso para o meu Instagram.
“Eu sou muito mais feliz depois dos 40!”
Tudo o que vivi está no Instagram. É nesse espaço que eu consigo colocar tudo o que vivi, tudo o que sou. Os restaurantes, a culinária, as viagens, a decoração e os cuidados com a casa, tudo está no meu dia a dia e levo isso para o meu trabalho. Eu me encontrei aqui, em mostrar que o simples é belo e eu sou assim.
→ Você moldou sua carreira para a vida que quer ter e não o contrário?
Sem dúvida! Nos primeiros anos do meu casamento com o Jonatas a prioridade era construir e fortalecer a nossa relação. Ele tem um trabalho em que faz muitas viagens e nós queríamos flexibilidade para acompanhá-lo. Eu tenho consciência de que sou privilegiada ao poder abrir mão da grana - e eu sei que não é fácil - em prol da minha família. E faria tudo de novo sem pensar duas vezes!
Claro, foi muito, muito importante! Na realidade, eu diria que eles viram meu potencial e acreditaram em mim antes de mim mesma. Tenho privilégio de contar com uma família motivadora e um filho que é a minha riqueza. Eu lembro que uma vez o Murilo disse que o que eu mostrava no Instagram era apenas o resultado, referindo-se às fotos de comida que eu postava, e que as pessoas queriam ver o processo de como a receita era feita. Ele deu a força que eu precisava para saber que esse era o caminho que eu queria seguir.
→ Hoje você encara o que faz no Instagram como uma carreira, um trabalho?
Levei um tempo para entender que o que eu faço hoje é sim um trabalho, o meu trabalho. Fui me apropriando das minhas habilidades e daquilo que sou boa em fazer e muito disso vem da construção que começamos a fazer lá em 2017. Hoje eu sinto orgulho em dizer que produzir os conteúdos, criar receitas, pensar em decoração, levar meu olhar para o belo é o trabalho que gosto de fazer e está tudo bem com isso. Foi só quando eu assumi que estar no Instagram era um trabalho que as coisas deslancharam. Fiz meu mídia kit, entrei em contato com as empresas, o dinheiro começou a entrar na conta. É isso, é TRABALHO! Estou no meu melhor momento de vida e também profissional.
“Eu assumi que estar no Instagram é sim o meu trabalho e eu faço muito bem feito, mas é um desafio diário. Tem dias que eu acordo louca de dor de cabeça e penso: “o que eu tenho de bom para dar para as pessoas?”. De repente eu olho uma flor que está me fazendo bem, me conecto com aquilo que sei e gosto de fazer e o conteúdo brota. Eu só consigo fazer isso porque respeito o meu jeito de ser e porque sei que esse é o meu trabalho, eu escolhi estar lá e fazer o que faço.”
→ A construção da carreira atual está baseada no que você acredita?
Sempre! Entendi e aceitei que só consigo passar nas minhas redes aquilo que estou vivendo e sentindo. Quando eu sumo dos stories, por exemplo, é porque eu realmente não estou bem. E aprendi a aceitar esse meu momento e me afastar. Meu olhar criativo vem do coração, é uma conexão imediata. Poder fazer do meu jeito, da forma como eu acredito que deve ser, é muito bom. De novo, eu sei que tenho um valioso respaldo em casa para ter essa liberdade, mas também sei que isso só acontece porque lá atrás eu entendi que criar conteúdo para as redes sociais era sim o meu trabalho.
→ Eu te conheço e sei que criar conteúdos não é suficiente para você. O que vem pela frente?
Minha cabeça não para de criar, sou um turbilhão de ideias (risos). Sempre recebo mensagens elogiando meus vídeos e já pensei em criar algo para ensinar as pessoas a criarem vídeos com o meu olhar. As parcerias com as marcas estão surgindo do jeito que eu quero trabalhar. Também tenho outros projetos que estou estruturando e planejando para colocar na rua ainda este ano. Você sabe que eu não fico parada por muito tempo!
→ O que você diria para outras mulheres que querem mudar de carreira, mas não conseguem, que estão com medo?
Uau, muda!!! A sabedoria e a experiência dos 40 são maravilhosas. A força depois dos 40 é única, gigante, forte, intensa! Se permita mudar. Apenas isso: se permita mudar!!!”
Instagram da Leila: vida depois dos 40
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Um beijo e até o próximo mês com mais uma edição do Histórias que Inspiram.
Pri Tescaro
História de vida linda! Parabéns Leila, você é inspiradora ❤️🙏🏻