Raquel Junqueira | Histórias que Inspiram #06
"A mudança faz parte da minha vida desde a infância."
Uma vez por mês, eu compartilho histórias inspiradoras de profissionais que se reinventaram na carreira. Seja mudando de atividade, criando um projeto paralelo, ou trabalhando em uma nova carreira, sempre em busca de uma vida equilibrada e com significado. Pegue sua xícara de café e boa leitura!
A minha conversa de hoje do Histórias que Inspiram é com Raquel Junqueira, uma amiga que conheci quando entrei na faculdade de Jornalismo na Unaerp, em Ribeirão Preto, em 1996. Eu mudei para a cidade para estudar e a Rack's (apelido carinhoso que só eu a chamo) já morava lá há alguns anos. Natural de Santa Rita do Passa Quatro (município que fica a 85 quilômetros de Ribeirão), ela completou 50 anos em maio e fez recentemente sua maior transição de carreira. Ao longo dos anos a Rack's foi atendimento em uma das principais agência de comunicação de Ribeirão Preto, Gerente de Marketing de um grupo que organiza formaturas e eventos corporativos, vendeu bolsas, foi consultora de comunicação e hoje ela atua como Terapeuta Multidimensional.
Casada com o Cláudio Sartori há 23 anos, é mãe do Enzo de 21 anos e do Enrico de 12 anos. Ah, ela pediu para destacar que tem uma nova filha: a Cacau, uma labradora chocolate.
→ A gente começou a fazer faculdade juntas, mas eu voltei a morar em Americana (interior de SP) na metade do curso e não lembro se você chegou a concluir a graduação em jornalismo?
Não, eu não segui no jornalismo. A agência começou a tomar um volume de coisas muito grande e eu não estava conseguindo conciliar com a faculdade e parei.
→ Foi nessa época que você decidiu investir totalmente no seu trabalho na NW3 Comunicação (uma das principais agências de comunicação de Ribeirão Preto) e migrou para o curso de marketing?
Eu resolvi focar na área de Atendimento e fui assumindo mais responsabilidades na agência. Novos clientes chegando e eu abraçando o que podia. Foi quando decidi voltar para a faculdade e me formei em gestão e operacionalização em marketing. Eu gostava muito da parte estratégica dos clientes, eu mergulhava no universo das empresas para entender o mercado.
Esse meu jeito de dedicação aos clientes começou a ficar pesado demais. O Cláudio começou a viajar muito a trabalho e sem rede de apoio para me ajudar com o Enzo. Com o grande volume de trabalho, precisei optar e saí da agência.
Eu lembro que, no dia seguinte que eu saí, escrevi um e-mail para os clientes e fornecedores agradecendo a parceria de tantos anos e contando que aquele ciclo que estava encerrando. Foram 13 anos trabalhando na NW3 onde aprendi muito, conheci muitas pessoas. Era o momento de finalizar.
→ Você ficou muito tempo em casa, entre um trabalho e outro?
Que nada…(risos). No dia seguinte que enviei esse e-mail, o pessoal do Grupo Virazóm me chamou pra conversar. Depois dessa conversa eu fiquei cinco anos como gerente de Marketing no Grupo Virazóm.
→ Emendou uma carreira na outra?
Eu pensei que ia dar um tempo, descansar, mas eu fui conversar com os gestores do na quarta-feira e comecei a trabalhar na semana seguinte.
→ Como foi seu trabalho no Grupo Virazóm? Você mudou de lado, como a gente diz no jargão da comunicação, deixou de ser agência e passou a ser cliente.
Foi uma experiência muito legal. Eu consegui colocar em prática tudo que tinha aprendido na faculdade. Quatro empresas formavam a Virazóm, naquela época. Imagina que eu saí da agência que estava com muitas demandas e fui trabalhar em um grupo que fazia quase todas as formaturas que são realizadas em Ribeirão (risos). Não são apenas as festas de graduação, têm todos os eventos antes e depois, churrascos, festas de 100 dias… e a gente produzia tudo, copos, camisetas, chinelinhos, brindes, etc. Tinha esse volume de trabalho na operacionalização dos eventos, toda demanda anterior ao evento que era o relacionamento com os formandos. Além da Virazóm Formaturas, tinham outras empresas que realizavam eventos corporativos, casamentos, festas de 15 anos, as viagens dos formandos, ou seja, tinha muita demanda, muito trabalho e eu sempre me dedicando ao máximo.
→ Eu lembro da época em que nós trabalhamos na agência, você se dedicava além do esperado às demandas de cada cliente. Pelo jeito não foi diferente na Virazóm.
(risos)… não foi. É assim que eu faço tudo na minha vida. Eu mergulho de cabeça em tudo. Mas começou a ficar pesado demais na Virazóm com muito trabalho. Até que um dia eu comecei a passar mal e o Cláudio disse que eu estava grávida. Fui fazer o teste e estava mesmo! Segui na Virazóm até o Enrico completar um ano. Até o dia que o Cláudio disse que não dava mais. Ele contou que eu tinha trabalhado oito finais de semana seguidos. O Enrico bebê, o Cláudio viajando todas as semanas para São Paulo, era a hora de repensar minha carreira. Decidi pedir demissão e dar um tempo de verdade.
→ Quanto tempo você ficou sem trabalhar?
Eu saí em janeiro e em seguida a minha mãe faleceu. Foi de repente e foi um período muito difícil. O Enrico era pequeno, eu estava em luto por causa da minha mãe, mais algumas questões familiares que aconteceram, aí eu decidi ficar fora do mercado para me reestruturar. Essa pausa durou quase cinco anos. Foi bom porque eu fiquei focada nos meninos, o Cláudio viajava muito a trabalho, era um momento que eu precisava me dedicar a outros aspectos da minha vida.
Nunca é tarde, o que tem que acontecer, simplesmente acontece.
→ O que te fez voltar ao trabalho?
Eu não queria voltar para agência de comunicação e nem para empresas por causa do ritmo de trabalho. Como eu sempre gostei de vender e gosto muito de moda, surgiu a oportunidade e eu comecei a vender bolsas. Nessa época, a gente frequentava um clube aqui em Ribeirão Preto, fiz amizade com várias mulheres e todo final de semana eu levava as bolsas para vender. Nós criamos um evento, o Bazar das Alfas (risos). Você sabe que eu sempre fui desapegada de cargos, essas coisas. Um dia, uma amiga falou assim: “Raquel, você era gerente de marketing da Virazóm e agora você vai vender bolsa, tipo sacoleira?”. Eu respondi que isso era o que eu queria fazer naquele momento. E como eu gosto de mergulhar em tudo o que eu faço, eu comecei a montar showroom em salões de beleza de Ribeirão, inventar outras coisas. Meu carro vivia cheio de bolsas que eu levava de um salão para outro e vendia muito bem.
Eu comecei a vender bolsas porque decidi que não queria mais trabalhar para ninguém. Era um período em que eu estava vivendo um momento familiar muito complicado e participar de eventos, conversar com a mulherada, era tudo o que eu queria e precisava. Eu não vendia só bolsas. Eu conversava, puxava um assunto e quando eu via já estava ajudando aquela pessoa de alguma forma. Agora eu percebo que o trabalho que faço hoje, de cura, começou naquela época, nessas trocas que eu tinha com as mulheres. E eu estava feliz, estava fazendo o meu dinheiro do meu jeito me sentindo livre.
→ De vender as bolsas você migrou para sua carreira atual?
Não. Eu fiz um trabalho de consultorias de comunicação e marketing durante algum tempo, sempre junto com a venda das bolsas. Como eu tinha muitos contatos da época da agência e da Virazóm, algumas pessoas me procuraram para fazer trabalhos pontuais. Durante um bom tempo atuei como consultora de marketing para empresas de diferentes segmentos e vendendo as bolsas. Estava tudo ótimo até que o câncer da tia Dora voltou e eu precisei me dedicar a ela (a Dora era a tia da Raquel que morava em Santa Rita do Passa Quatro e com que ela tinha uma relação muito próxima, como mãe e filha).
Nessa época, eu parei tudo o que estava fazendo para cuidar dela. Durante um período eu fiquei indo e vindo do hospital, de Santa Rita para Ribeirão e vice-versa. Até que, em março do ano passado, ela faleceu.
Foi durante esse tempo que eu fiquei cuidando da tia Dora que comecei a ouvir a minha intuição, a prestar atenção em situações que eu já tinha vivido desde criança.
Já faz um tempo que mudei de direção, mudei de profissão e encontrei o meu verdadeiro Propósito de Alma.
→ Rack's, durante toda a nossa conversa o seu olho não parou de brilhar. Você tem certeza que está vivendo sua missão de vida?
Eu sempre tive essa coisa de ajudar os outros. Desde criança a minha intuição e minha conexão com o lado espiritual era muito forte. Eu fiquei um tempo sem cuidar disso. Mas tudo tem o seu tempo e chegou naquela época que eu estava cuidando da tia Dora. Estava com ela no hospital e comecei a entender que poderia fazer algo utilizando minha espiritualidade. Eu não sabia ao certo o que era, mas sabe quando você tem certeza que encontrou aquilo que realmente veio fazer? Foi nessa época que estava com a tia Dora que eu descobrir que trabalhar com a cura era o que fazia sentido pra mim. Hoje eu trabalho como Terapeuta Multidimensional.
→ Você falou sobre missão de alma. Como as pessoas podem acessar a sua missão de alma? O que você gostaria de ter ouvido para chegar mais rápido a esse momento de realização que você está vivendo hoje?
Tem dois pontos muito importantes: um é parar de olhar para fora, se desligar do que está acontecendo no nosso lado externo e voltar o olhar para dentro de você, se conectar com a sua essência. Eu acredito que todos temos todas as respostas dentro de nós. Nós precisamos silenciar a mente e levar as perguntas para ouvir o coração.
A segunda coisa é entender que temos apenas o hoje. Olhar para o passado e agradecer o que já viveu, pois não tem certo nem errado. E no futuro a gente realmente não tem controle sobre nada e nem sobre ninguém. Olha para o dia de hoje e pergunta se é assim que você quer viver pelos próximos anos. Se a resposta for não, você precisa se colocar em movimento. Não adianta olhar para o céu e ficar pedindo as coisas porque elas não vêm se você não agir, se não se conectar com aquilo que você realmente sente que deve fazer.
Eu acredito que as respostas estão no nosso coração.
Gostou da história da Rack's? Encaminha para quem precisa se inspirar para fazer uma transição de carreira ou incluir uma nova carreira no dia a dia.
Se você souber de alguém que tem uma história interessante para contar, responde este e-mail ou escreve pra mim: priscila@pritescaro.com.br
Um beijo e até o próximo mês com mais uma edição do Histórias que Inspiram.
Pri Tescaro