Eliana Pinto | Histórias que Inspiram #03
“É preciso ter coragem para fazer as mudanças que queremos. Como faz para ter coragem? Autoconhecimento e experimentação!"
Uma vez por mês, eu compartilho histórias inspiradoras de profissionais que se reinventaram na carreira. Seja mudando de atividade, criando um projeto paralelo, ou trabalhando em uma nova carreira, sempre em busca de uma vida equilibrada e com significado. Pegue sua xícara de café e boa leitura!
O que faz uma mulher decidir mudar de carreira aos 48 anos? Fui buscar essa resposta com a Eliana Pinto, a entrevistada desta edição do Histórias que Inspiram, uma edição especial da News Carreiras Múltiplas para inspirar outras mulheres que desejam fazer esse movimento em suas vidas.
Eu “conheci” a Eliana durante os encontros do Mol³, a comunidade de aprendizagem autodirigida que participei no primeiro semestre. Pedi indicações de mulheres que fizeram transição de carreira no nosso grupo do WhatsApp e ela logo entrou em contato para contar sua história.
Formada em Ciência da Computação, atualmente ela é Facilitadora e Mentora de Carreira, Liderança Humanizada e Felicidade no Trabalho. Moradora de Osasco, na Grande São Paulo, aos 53 anos ela é casada, tem um filho de 18 anos e dois gatos.
Te convido a separar uma xícara de café (ou uma taça de vinho) e conferir a nossa agradável conversa.
→ Por que você escolheu estudar Ciência da Computação?
Na época do vestibular eu tinha três interesses: Psicologia, Engenharia de Produção e Ciência da Computação. Na Psicologia eu tinha a influência da minha irmã mais velha que já estava nesse curso. Ainda, durante o colegial, meu namorado da época e que hoje é meu marido, estava no ensino técnico de Processamento de Dados e me convidou para fazer um curso de informática de Cobol e Basic. Eu me apaixonei por aquilo, pela lógica que envolvia o tema, combinava com o meu jeito de pensar. Eu adorei! Dali para escolher a Ciência da Computação na faculdade foi muito fácil.
→ Ainda hoje a gente não vê muitas mulheres na área de tecnologia, naquela época devia ser ainda mais raro. Como a sua família recebeu a sua escolha?
Se hoje o mundo da tecnologia ainda tem poucas mulheres atuando, imagina em 1988, quando eu ingressei na faculdade de Ciência da Computação. Eu me formei em 1991, ainda no século passado (risos). Éramos pouquíssimas mulheres no curso, mas eu estava decidida que aquele era o curso que eu queria fazer. Eu tive apoio da minha família, o que foi muito importante. Eu lembro que a minha mãe me apoiou, mas o meu pai deu a opinião dele dizendo que era uma área que ainda iria crescer muito.
→ Como foi seu início de carreira ainda na área de tecnologia?
Ainda na faculdade, fiz dois estágios bem importantes. Um na Secretaria Estadual da Educação de São Paulo e outro no Instituto de Pesquisa Tecnológica da USP (IPT). O último foi uma experiência muito importante pra mim. Pude fazer vários contatos e tive um gestor que me abriu muitas portas. Foi por meio dessa rede de relacionamentos que consegui meu primeiro emprego depois que me formei.
Eu fiquei quase 30 anos na área de tecnologia, mas sempre me movimentando em diferentes setores como a área comercial, finanças, logística e business inteligence.
No início da minha carreira, eu fazia programação de sistemas, mas depois ocupei cargos de liderança e gestão de pessoas. Posso dizer que fui muito bem sucedida durante toda a minha carreira. Eu nunca me arrependi da escolha que fiz na faculdade. A área de tecnologia é muito dinâmica e está mudando o tempo todo. Era como se eu tivesse em uma nova empresa a cada seis meses.
“As coisas vão te encontrando, não é você que encontra. Você precisa se expor.”
→ Quando surgiu a decisão de mudar de carreira?
Foi em 2018, quando eu tinha 48 anos. A essa altura da vida a gente já está fazendo reflexões sobre quase tudo. Eu nunca deixei de gostar de tecnologia , mas tinham algumas questões do mundo corporativo que já estavam me incomodando, junto com questionamentos que a gente se faz… eu estava em um bom momento na minha vida, com estabilidade financeira, apoio do meu marido e da minha família. Pensei: agora posso arriscar um pouco mais.
“O incômodo gerado pela mudança de carreira foi pela incerteza do que viria pela frente, mas ele não foi maior do que a minha vontade de mudar.”
→ Como foi esse processo de transição de carreira?
Comecei a pensar que eu gostava de tecnologia, mas também tinham outros temas que poderiam ganhar espaço. Escolhi a área de desenvolvimento humano - lembra que a psicologia estava no meu radar na época do vestibular? - e foi um assunto que eu sempre me interessei e estudei em paralelo ao longo da minha vida.
Investi em conhecimento, fiz vários cursos. Fiz formações de Coaching de Vida e Carreira, Executivo e Negócios, uma especialização em Neurociências Aplicada à Aprendizagem e Educação e outra especialização em Psicologia Positiva. Atualmente, estou cursando uma especialização em Felicidade. Não vou parar de estudar nunca, sou apaixonada por conhecimento.
A necessidade de mudar foi começando a ganhar espaço no dia a dia, mas as dúvidas também.
Será que vai dar certo?
Será que vou gostar?
Será que vou me arrepender?
Será que depois de um tempo vou querer voltar para a área de tecnologia?
"Toda mudança incomoda. Algumas mais, outras menos, mas sempre gera algum tipo de incômodo.”
→ Você tem saudades dos tempos na área de tecnologia? Afinal, foram quase 30 anos.
Não gostaria de voltar e fazer igual. De certa forma, consigo aplicar as minhas maiores forças, o que aprendi nesse período. Não é sobre a atividade em si, mas o que carrego dentro de mim. Tenho um perfil muito de Ciência da Computação, que é muito analítico, de planejamento, de organização, análise de risco. Ao mesmo tempo, de experimentação, inovação, melhoria contínua. Sou a louca das métricas… Um dos maiores prazeres que eu tenho é ver que alguém tem um problema, pensar na solução e aplicar e ver que aquilo funciona.
→ Como é o seu trabalho atualmente?
Comecei em 2018 atuando como coaching de carreira e bem-estar, duas áreas que, na minha visão, são complementares. No início, eu atendi pessoas que conhecia da época que trabalhava na área de tecnologia. Encontrei uma amiga que estava empreendendo e realizando workshops sobre temas semelhantes aos meus. Iniciamos uma parceria e convidamos uma outra empreendedora para realizar treinamentos para pré-vendedores. Foi a minha primeira experiência com treinamentos de pessoas e foi muito legal.
Nós encerramos essa parceria em 2020 e, na sequência, comecei a trabalhar com meu sócio, o Daniel Mendes, e fundamos a Elucida.me, uma empresa de treinamentos e desenvolvimento de competências comportamentais para equipes.
No final de 2021, eu comecei a atuar na Líder Academy, uma comunidade feita por líderes. O objetivo é ajudar as lideranças a terem um perfil mais humanizado. Atualmente, a comunidade é gerida por mim, pelo Daniel e mais cinco pessoas. Nós estamos buscando, cada vez mais, fortalecer esse trabalho com foco na Liderança Humanizada e na Felicidade no Trabalho.
Além disso, eu ainda faço atendimentos de coaching e mentoria em carreira e bem-estar, mas o foco é cada vez menor. E também faço parte do Instituto Vasselo Goldoni (IVG) comandado pela Edna Vasselo Goldoni, que reúne 600 profissionais que fazem mentorias só para mulheres de forma voluntária. É muito prazeiroso empoderar a mulherada para que possam conquistar o que desejam.
→ Você pensa em fazer uma nova mudança de carreira?
Neste momento estou muito feliz com a minha carreira atual e não vislumbro uma nova mudança. Estou em um momento de vida bastante preocupada no meu legado e no impacto positivo que posso causar nas pessoas. Hoje em dia, a opção de trabalhar focada em treinamentos com grupos é o que mais me brilha os olhos. Talvez faça alguns ajustes no percurso, mas estou bem feliz fazendo o que faço.
Eu vivi alguns momentos tensos nas organizações e com ambientes tóxicos. Hoje, eu vejo na minha carreira a oportunidade de ajudar as lideranças a serem mais humanizadas. Vejo como uma missão, como eu ajudo as pessoas a adoecerem menos dentro dos contextos das organizações.
→ O que você diria para as mulheres que estão em dúvida se devem ou não fazer uma transição de carreira?
Nós, mulheres, estudamos e nos preparamos muito mais que os homens para fazer qualquer coisa. Não sou eu quem estou falando, são dados. Mas nós temos a síndrome da impostora que nos atinge com força. Na minha visão, precisamos ficar atentas a três coisas:
Com os relacionamentos das pessoas próximas. Eles te seguram ou te impulsionam. É preciso saber com quem se pode contar.
Com essa vontade que nós temos que querer salvar o mundo que é a síndrome da super mulher. Cuide de você!
Com a síndrome da impostora que pode nos impedir de fazer quase tudo.
As mulheres têm uma força violenta, têm muita sensibilidade e que faz diferença nas relações, nas lideranças. Sempre digo para as minhas mentoradas que elas devem procurar empresas que elas querem trabalhar e não ficar na posição de serem escolhidas. Vocês têm que escolher aquelas empresas que valorizam as mulheres.
Coragem não é falta de medo. É agir apesar do medo. Vai com medo mesmo. Quanto mais você experimenta e vê que dá certo, mais corajosa você fica. É uma espiral que só aumenta. A gente precisa se expor e lembrar que falha, fracasso, erro, tudo faz parte.
Para conhecer mais sobre o trabalho da Eliana:
💻 Site: Elucida.me e Líder Academy
@ Instagram: Eliana Pinto, Elucida.me e Líder Academy
📋 LinkedIn: Eliana Pinto, Elucida.me e Líder Academy
📧 E-mail: eliana.pinto@elucida.me
Gostou da história da Eliana? Encaminha para quem precisa se inspirar para fazer uma transição de carreira ou incluir uma nova carreira no dia a dia.
Se você souber de alguém que tem uma história interessante para contar, responde este e-mail ou escreve pra mim: priscila@pritescaro.com.br
Um beijo e até o próximo mês com mais uma edição do Histórias que Inspiram.
Pri Tescaro
Pri Tescaro, obrigada por todo carinho e pelo papo delicioso que tivemos!
E parabéns pelo seu trabalho, pela sua história e por ser inspiração!
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